Dirigentes sindicais organizaram ontem em Curitiba um novo protesto contra a falta de reajuste salarial do funcionalismo estadual. Os servidores estão há quase seis anos sem aumento. Quem passou pela Boca Maldita, tradicional ponto de encontro da Capital, recebeu um sabão dos manifestantes. "É para lavar os ouvidos do governador Jaime Lerner (PFL)", disse a coordenadora do Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindisaúde), Mari Elaine Rodella.
De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), os servidores já acumulam uma perda de 50,03% desde agosto de 1995 quando foi concedido o último reajuste. Mari reclamou que o governo vem tentando convencer a população de que o funcionalismo teve ganhos reais na folha de pagamento. "O secretário de Administração, Ricardo Smijtink, deu uma aula de matemática à moda Lerner. Chegou ao cúmulo de afirmar que os servidores têm uma diferença de 108% a mais, se fizermos um comparativo do período que vai de dezembro de 1995 até março de 2001."
O secretário respondeu que mantém o que disse. Smijtink afirmou que para entender sua conclusão basta saber a média salarial de uma determinada categoria em dezembro de 1994 e na época atual. "É claro que na tabela, o aumento não vai aparecer, mas houve outras gratificações que foram incorporadas aos salários", disse. Ele declarou que a manifestação não contribui nas negociações que estão sendo feitas entre governo e sindicatos. "Da nossa parte, estamos sempre abertos ao diálogo, mas parece que eles querem confronto, mídia. Da nossa parte, o objetivo é contemporizar".