Não houve acordo entre a diretoria da Companhia de Habitação (Cohab-CT) e as comissões dos invasores das áreas do Tatuquara e Pinheirinho, em Curitiba, recentemente desocupadas através de pedidos de reintegração de posse. Em uma reunião realizada ontem a Cohab pediu um cadastro com o nome de todos os invasores. Segundo o presidente da Cohab, Sérgio Misael Abu-Janra, qualquer medida será tomada somente após a entrega do relatório. "Não queremos beneficiar pessoas que não precisam, por isso temos de ter esse controle", disse.
As famílias que ocuparam o terreno do Tatuquara vão ignorar os pedidos da prefeitura e irão permanecer à beira da rodovia BR-476. "Não temos para onde ir. É uma situação onde ou nós pagamos aluguel ou passamos fome, por isso ficaremos na beira da rodovia", disse o pedreiro Luiz Antônio de Oliveira, 36 anos.
O grupo que invadiu o terreno no Tatuquara volta a se encontrar com os representantes da prefeitura dentro de duas semanas. A comissão formada por nove pessoas revelou que o cadastro já está pronto e faltam apenas os registros de identidades das cerca de 1.200 pessoas que estavam no local. "Vamos entregar a listagem no início da semana, pois queremos agilização no processo", disse Oliveira.
Para os invasores do Pinheirinho, no entanto, não houve nenhum avanço. A Cohab alega que não há terreno suficiente para atender a demanda de 60 mil inscritos na companhia. A única decisão tomada foi uma ação emergencial da prefeitura para auxiliar as famílias que ocuparam a área e agora estão na rua.
Os ex-ocupantes do terreno de 48,5 mil metros quadrados estão espalhados pelo Jardim Piratini, sem as mínimas condições de moradia. Um relatório feito pela comissão da ocupação revelou que existem 380 famílias cadastradas. "Tudo está organizado, mas falta um pouco mais de vontade para resolver o problema. Temos nossos direitos à habitação e exigimos isso", afirmou o jardineiro Claudecir Pimentel Batista, 26 anos.
Na opinião de Daniel Antônio de Araújo, integrante do Movimento de Luta pela Moradia, a reunião ficou abaixo das expectativas. "As propostas apresentadas ficaram aquém das necessidades dos trabalhadores. É preciso que os governos executem uma política habitacional voltada para as pessoas de baixa renda, que possam pagar entre 20% e 30% do salário mínimo vigente", disse Araújo.