A Agência Nacional de Controle de Qualidade Total no Sangue, órgão ligado ao Ministério da Saúde, interditou o banco de sangue do Hemepar, em Telêmaco Borba (120 quilômetros de Ponta Grossa). O órgão interditado faz parte da rede de bancos de sangue da Secretaria Estadual de Saúde e além de não contar com médico e enfermeira padrão, apresentou problemas na estrutura física, motivos que levaram a agência a optar pela proibição de coleta de sangue no local.
Na estrutura física, por exemplo, o doador saía do banco pelo mesmo local por onde entrou, estrutura considerada inadequada pela Agência Nacional. Além disso, as portas são estreitas e impedem o manuseio de uma maca, em casos de necessidade de um atendimento urgente. Nas condições de coleta, como uso de seringas descartáveis e armazenamento do sangue não foi encontrado nenhum problema.
As transfusões de sangue ainda estão sendo feitas, mas em 15 dias também serão suspensas. A agência permitiu que as transfusões continuem sendo feitas nesse prazo para permitir que os pacientes que dependem do processo tenham tempo de procurar outro banco e agendar as sessões.
As irregularidades foram constatas na vistoria feita em 1999. Na época, a agência deu um prazo para que os problemas fossem solucionados. Mas dois anos se passaram e nenhuma providência foi tomada. Na nova vistoria, feita na semana passada, a agência decidiu fechar o banco.
O banco de sangue do Hemepar de Telêmaco Borba foi criado em 1991. Por mês são feitas cerca de 150 coletas e 80 transfusões. Com a interdição, aqueles que quiserem doar ou precisarem receber sangue terão que recorrer a bancos de outras cidades como Ponta Grossa e Londrina.
"Para a população carente a situação vai ficar muito difícil", considera o vereador Ede Pukanske (PT). Segundo ele, hoje quando um paciente atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) precisa de sangue, tem que pagar o táxi que vai buscar as bolsas no Hemepar. "Com o fechamento do banco esse custo certamente vai aumentar", prevê o vereador. "Isso é um exemplo do total descaso do governo do Estado para com a saúde", critica Pukanske.
A diretora do Hemepar no Paraná, Elisabeth Ciechomski, disse que o estoque de sangue necessário para atender os hospitais da região será mantido, uma vez que o banco da cidade só está impedido de fazer coleta e o armazenamento será mantido. "Estamos programando coletas externas duas ou três vezes por mês em Ponta Grossa, Curitiba e Telêmaco para a demanda da cidade", diz a diretora.
Segundo ela, nos dois anos que se passaram desde a primeira vistoria, o Estado não promoveu melhoramentos no banco de Telêmaco porque vem trabalhando várias outras coisas, como a profissionalização, compra de equipamentos e até mesmo reformas.