A Coordenadoria de Defesa do Consumidor (Procon) está dando um ultimato à Sanepar. A empresa de saneamento tem 20 dias para resolver o problema do mau cheiro e cor escura da água fornecida para grande parte da população de Curitiba e região metropolitana. Análises feitas pelo Procon revelam que a água apresenta condições de potabilidade dentro das normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, mas deixa a desejar no que diz respeito à qualidade.
O Procon começou a investigar os problemas da água depois de receber inúmeras reclamações de consumidores insatisfeitos com o produto. Foram encomendadas análises das represas do Iraí, em Pinhais, e do Passaúna, na divisa entre Curitiba e Araucária. Também foram encaminhadas ao laboratório amostras retiradas das torneiras de várias residências. Os testes foram realizados pelo Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar) e Universidade Federal de Rio Grande (RS).
De acordo com o coordenador do Procon, Naim Akel Filho, as análises não deixaram dúvida com relação à potabilidade da água, que não possui restruições ao consumo humano. O problema, destacou Naim, é o odor e sabor da água, que também são parâmetros de qualidade. Naim diz acreditar que a Sanepar vai resolver o problema no prazo estabelecido. O coordenador do Procon não quis falar em multa, instrumento legal que deve ser utilizado pelo órgão no caso de descumprimento da determinação.
O mau cheiro e a cor da água são causados por conta da proliferação de uma superpopulação de algas na represa do Iraí. Essas algas, do grupo das cianobactérias, liberam uma substância chamada geosmina, que causa o cheiro e a cor na água. Naim garantiu, no entanto, que essas algas não são tóxicas e apenas comprometem a qualidade da água. A represa do Iraí abastece 70% da população de Curitiba e região metropolitana, atingindo cerca de 1,5 milhão de pessoas.
A proliferação de algas vem se acentuando nos últimos meses. As primeiras medidas adotadas pela Sanepar foi a utilização de carvão na água que passa pelas estações de tratamento e colocação de 45 mil alevinos de carpa na represa do Iraí. Em tese, o carvão melhoraria o cheiro e a cor da água e as carpas se alimentariam de algas, combatendo sua proliferação.
A Folha tentou ouvir a Sanepar, mas o expediente na empresa já havia terminado.