A Sanepar promete investir cerca de R$ 7 milhões até o final do ano em obras emergenciais necessárias para acabar com a proliferação de algas na represa do Iraí, responsável por 70% do abastecimento da Região Metropolitana de Curitiba. Estes recursos serão aplicados em alguns dos 33 projetos que fazem parte do Programa de Recuperação da Qualidade da Água da Barragem do Iraí, apresentado ontem pelo presidente da Sanepar, Carlos Afonso Teixeira de Freitas.
O plano foi apresentado à Defesa Civil do Estado e entregue à Coordenadoria de Defesa e Proteção ao Consumidor (Procon), que havia dado prazo até esta terça-feira para que a empresa definisse um plano de ação para amenizar o problema da alteração da água. Desde março, a floração das algas vêm causando mau cheiro e gosto ruim na água distribuída pela Sanepar, o que originou diversas reclamações e ações públicas.
Os 33 projetos prevêem ações no Rio Iraí, no lago da barragem, no tratamento da água e em educação ambiental junto à população. Para acabar com as algas, o principal desafio é eliminar os nutrientes necessários à sua sobrevivência. Neste sentido, no prazo de 60 dias, a Sanepar pretende eliminar cerca de mil pontos de ligações clandestinas de esgoto e regularizar outras 2,5 mil ligações, responsáveis pelo despejo do esgoto no lago. Este material orgânico é responsável pela produção diária de 123 quilos de fósforo - principal nutriente para as algas.
Outra ação será desviar os efluentes dos esgotos produzidos pela Penitenciária Central do Estado (PCE), Colônia Penal Agrícola, em Piraquara, na região metropolitana, e pelo Hospital Adauto Botelho, situado no município vizinho de Pinhais, para unidades de tratamento de esgoto. Só com estas obras serão gastos R$ 3 milhões. Também na represa, está prevista a sucção das algas mortas, concentradas na superfície da água, e que servem como nutrientes para as espécies vivas.
Com medidas como estas, aliadas à limpeza das margens dos rios e do lago, o presidente da Sanepar acredita que o problema das algas deve estar controlado antes do próximo verão, quando a grande incidência solar poderia contribuir para maior proliferação das algas. "E em novembro já entra em operação a Estação de Tratamento de Àgua (ETA) Iraí, que vai garantir o tratamento de toda água que vier da barragem", diz Teixeira.
De acordo com o presidente, as medidas tomadas até agora já diminuíram o problema. "Desde o dia 6 a água da barragem não tem mais cheiro", afirmou, lembrando que uma ação que contribuiu foi o uso de carvão ativado na água. Esta é também uma das técnicas usadas no processo de tratamento da água, quando a ETA estiver concluída.
O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) ainda não tem os resultados das análises de 26 amostras de água coletadas pelo órgão no último dia 4. O IAP coletou 20 amostras em diferentes pontos de rios que abastecem a represa e em seis pontos da barragem.
O problema também está sendo alvo de investigações por uma comissão mista da Câmara dos Vereadores de Curitiba. Ontem o presidente da Sanepar ainda não tinha recebido uma possível convocação dos deputados estaduais para que também preste informações sobre o problema na Assembléia Legislativa.
O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR) deveria reafirmar, em plenária ontem à noite, a constituição de uma comissão mista, composta por representantes de 40 entidades do movimento civil, para investigar a qualidade da água da barragem do Iraí.