O pedágio não está ajudando a melhorar a qualidade das estradas paranaenses. Pior, a concessão teria acelerado a degradação das rodovias. Essa conclusão foi elaborado pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar), depois de análise de uma pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Ontem, a CNT divulgou essa pesquisa em Brasília, afirmando também que outras concessões do País não foram suficientes para recuperar as estradas.
Pela conclusão da pesquisa da CNT, os altos pedágios cobrados nas estradas não estão sendo usados na conservação da malha rodoviária administrada pelo setor privado. "O motorista está pagando valor injusto de pedágio", avaliou o presidente da confederação, Clésio Andrade. A expectativa, segundo Andrade, era de que as rodovias privatizadas apresentassem bom estado de conservação, sobretudo porque as concessionárias vêm cobrando pedágios com valores elevados.
No Paraná, diversas estradas cairam no ranking das rodovias, em comparação com os resultados obtidos na pesquisa de 1999. O trecho que liga Ponta Grossa a Ourinhos, hoje concessionado pela Rodonorte (que seria a BR-376 e PR-151), saiu da 6ª colocação de melhor estrada do Brasil para 32ª. Já a ligação entre Foz do Iguaçu e Paranaguá (BR-277) desceu do 4º lugar para o 6º, em função da falta de manutenção. Também a BR-376, entre Curitiba e Arapongas, que estava no sexto lugar do ranking das mais conservadas caiu para 23ª colocação.
A única rodovia que recebeu elogios foi a do Mercosul (parte da BR-376 e BR-101), que é gerenciada pelo governo federal. Essa estrada foi duplicada e está recuperada.
Para o presidente da CNT, Clésio Andrade, é preciso avaliar os contratos de concessão das estradas privatizadas para identificar as metas que os concessionários têm a cumprir. "O Ministério dos Transportes deveria exigir mais rigor das concessionárias no cumprimento das metas", disse. Ele prometeu também avaliar se está ocorrendo omissão na fiscalização por parte do governo. E dependendo do resultado, disse que poderá até acionar a Justiça e recomenda que o mesmo seja feito por outros usuários da malha rodoviária.