Duas praias no Brasil já utilizaram a tecnologia de engordamento da praia como forma de conter a água do mar em épocas de ressaca: Copacabana, no Rio de Janeiro, no final dos anos 60; e Piçarras, em Santa Catarina, em 1998. É este também o projeto já elaborado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e que deve ser implementado no Litoral do nosso Estado ainda este ano.
Logo após a forte ressaca que atingiu a beira-mar de Matinhos a Caiobá, técnicos da Secretaria e Superintendência de Desenvolvimento e Recursos Hídricos (Suderhsa) estiveram em Piçarras para avaliar os impactos da primeira grande ressaca naquela área depois do engordamento da praia. A avaliação foi positiva. De acordo com o secretário José Antônio Andreguetto, a ressaca retirou cerca de 20% da areia colocada na praia. "Isso é normal, já sabíamos que o engordamento precisa de constante manutenção", diz.
Em 98, quando Piçarras optou por esta técnica, os 2 quilômetros da praia central do município enfrentavam situação mais grave do que as áreas de risco do litoral paranaense. A diferença é que Matinhos vive uma situação de invasão, com casas instaladas direto na areia. Já em Piçarras, os imóveis são separados da praia por rua e calçamento.
Partindo de estudos desde 1997 e uma licitação internacional, que escolheu a empresa belga Jan de Nul N.V. para as obras, em 30 de dezembro de 1998 a Prefeitura catarinense iniciou o processo de engordamento. Foram 55 dias de trabalho, investimentos na ordem de US$ 3,8 milhões, retirada de 785 mil metros cúbicos de areia de dentro do mar a 13 quilômetros da costa. A técnica, segundo Francisco, consistia em um navio com um reservatório, que aspirava a areia de dentro do mar, enchia suas comportas, voltava a 1 quilômetro da praia e com uma tubulação empurrava a areia para a praia.
Para o secretário, a solução foi correta. Desde 98, a água é amparada pela areia da praia e as ressacas nunca mais chegaram a destruir a rua na beira-mar. No último domingo, a água avançou na praia, mas a areia atenuou o efeito, quebrando as ondas.
O secretário do Meio Ambiente do Paraná reiterou que o governo tem um projeto pronto para o Litoral, e que os Estudos de Impactos Ambientais (EIA) devem ser feitos no prazo de 90 dias. Em seguida, o Estado terá que buscar recursos, na ordem de R$ 8 milhões, previstos para as obras. O projeto do governo prevê o engordamento da praia nas regiões mais atacadas pelas ressacas, em uma extensão de 3 quilômetros no sentido de Matinhos a Praia de Leste e de 1,6 quilômetro de Matinhos a Caiobá. Paralelamente, deve ser feita a desapropriação de áreas à beira-mar, nos locais onde for possível.
Leia mais em reportagem de Maigue Gueths, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta sexta-feira