Um dia depois da maior ressaca dos últimos 30 anos, o cenário na região beira-mar de Matinhos (Litoral do Estado) é de pura desolação. Ainda sob ameaça de novas ressacas, os moradores que tiveram suas casas atingidas tentam salvar o pouco que o mar não destruiu. Algumas famílias perderam tudo. Casas desabaram e barcos foram destroçados com a força da maré, que na madrugada de domingo provocou ondas de até 5 metros.
Além das 66 casas atingidas (algumas totalmente destruídas), a ressaca derrubou postos de energia elétrica, prejudicou o abastecimento de água e danificou o calçamento de um longo trecho da Avenida Atlântica. O local mais atingido foi o Balneário Flamingo, nas proximidades da Vila dos Pescadores. Equipes da Prefeitura de Matinhos e grupos de voluntários passaram o dia auxiliando na remoção dos destroços e no atendimento das famílias desabrigadas, que foram alojadas no ginásio de esportes do município.
Conseguir outros terrenos, fora do alcance das ressacas é a grande esperança dos moradores da região beira-mar - em sua maioria pescadores - que foram atingidos pela ressaca. O avanço da maré, com ressacas que formam altas ondas, é um problema crônico desta região. Até agora, no entanto, Estado e município nunca levaram à frente um projeto para contenção das águas e retirada das famílias que vivem nesta área de risco. Agora, a prefeitura está cobrando uma ação mais efetiva do governo.
O secretário da Defesa Civil de Matinhos, Luiz Carlos Pereira, garantiu que a prefeitura não irá permitir que as 66 famílias atingidas retornem para a área. O município também apresentou relatório ao governador Jaime Lerner (PFL), que esteve no local, solicitando recursos na ordem de R$ 6,5 milhões necessários para aterramento da praia, construção de barreiras de contenção, calçamento e pavimentação, além da reconstrução das casas destruídas.
Levantamento feito pela prefeitura mostrou que os estragos foram maiores do que os estimados inicialmente. A ressaca atingiu uma extensão de 5 quilômetros, entre Caiobá até o Balneário Riviera 2. O número de moradores cadastrados para permanecer no abrigo subiu de 70 no primeiro dia para 108. A quantidade de desabrigados, entretanto, deve ser bem maior, já que muitos estão em casas de amigos e parentes.
Leia mais sobre a ressaca no litoral na edição desta terça-feira da Folha do Paraná/Folha de Londrina