O governador Roberto Requião solicitou nesta segunda-feira que o Ministério Público investigue e tome providências sobre um contrato de compra de uma floresta de pinus. Segundo o governador, a compra lesaria os cofres públicos em quase R$ 15 milhões.
O contrato foi firmado em 2001, através de uma tomada de preço, com as indústrias de compensados Sudati e Guararapes, que compraram do governo estadual uma área de reflorestamento de 1.826 hectares, avaliada em R$ 18 milhões, por apenas R$ 3,2 milhões.
A negociação envolveu a Ambiental Paraná Florestas S.A, empresa vinculada à Secretaria da Indústria e Comércio. Mas, numa auditoria realizada pelo atual governo, foi descoberto que o valor foi subestimado, tanto que os próprios compradores reconheceram o erro e aceitaram um novo contrato.
Pelo aditivo, os compradores concordaram em pagar mais R$ 9 milhões, divididos em 12 parcelas. Aceitaram ainda reflorestar e manejar a área por um prazo de cinco anos, o que garantiria mais R$ 6 milhões, e também se propuseram a devolver uma área de madeira em cerca de 15 anos, avaliada em R$ 3 milhões.
"É um acordo que caracteriza a confissão de um crime, por
isso deve ser investigado pelo Ministério Público", disse Requião ao receber um relatório sobre a renegociação fechada com as empresas Sudati e Guararapes.
A reserva de pinus fica na fazenda Leonópolis, no município de Inácio Martins, e havia sido incorporada ao patrimônio do extinto Banestado através de uma negociação de dívidas dos antigos proprietários da área com o banco.
A propriedade do imóvel foi transferida para o Estado, em 1999, por ocasião da privatização do Banestado. A Sudati e a Guararapes adquiriram apenas a floresta de pinus, sendo que a propriedade da fazenda permanece com o Governo do Estado.
Segundo o secretário da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Luis Guilherme Mussi, a varredura que resultou na descoberta do contrato lesivo ao Estado vai continuar. "Vamos investigar todos os contratos fechados na administração anterior pela Secretaria ou suas vinculadas".