Um total de 270 mil estudantes paranaenses de 2.391 escolas das redes municipal e estadual de 318 municípios do Paraná participaram ontem da Avaliação do Rendimento Escolar (Ava-PR). Esta é a quinta vez, desde 1995, que a Secretaria da Educação aplica esse tipo de provas junto aos alunos de 4ª e 8ª séries. Criada pela Secretaria da Educação do Paraná, a Ava faz parte de uma série de mudanças que vem sendo implantada no ensino público do Paraná desde 1996, quando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) deu autonomia para que as escolas determinassem os programas de ensino que entendessem ser mais adequados às suas realidades.
Com isso, o ensino fundamental, que antes existia apenas na modalidade seriado (realizado em séries com aprovação ou reprovação a cada ano), passou a ser feito conforme a escolha de cada escola. Muitas optaram por novos sistemas, como o programa em ciclos (de 1ª e 4ª séries e entre a 5ª e 8ª séries, sem reprovações a cada ano).
Há três anos o Paraná também adotou o Programa de Correção de Fluxo, destinado a reduzir as repetências e adequar os alunos às séries de acordo com suas idades. "O problema é que o programa vem sendo implantado com a aprovação automática do aluno, sem que ele tenha obtido os conhecimentos necessários para entrar na nova série e até mais tarde ir em busca de um emprego", diz o secretário de imprensa do Sindicato dos Professores do Paraná (APP-Sindicato), Miguel Baez.
A APP-Sindicato, inclusive, apelidou o programa de "faxina pedagógica", acusando o governo de tirar o aluno do sistema antes que ele aprenda o que teria direito.
Para a superintendente de ensino da Secretaria da Educação, Zélia Marochi, a vantagem da LDB foi justamente permitir essa "flexibilização". "A escola tem autonomia, mas tem que garantir o direito do aluno de aprender", diz, lembrando que a função dos sistemas de avaliação externa é justamente verificar os resultados com os métodos adotados por cada instituição.
Para os alunos, a avaliação não traz muita expectativa. "A gente sabe que não vai valer nota e faz a prova tranquilo", diz Gustavo de Andrade Herrera, 15 anos, aluno da 8ª série do Colégio Estadual Conselheiro Zacarias, no centro de Curitiba.