Os servidores federais da Justiça do Trabalho fizeram uma manifestação em frente ao Hotel Bourbon, no Centro de Curitiba, contra o ministro Almir Pazzianotto, presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que estava na cidade. Ele é acusado de beneficiar os empregadores e defender o governo federal.
As faixas do manifesto acusavam o ministro, ao lado de Fernando Henrique Cardoso e do Fundo Monetário Internacional (FMI), de ser o coveiro dos direitos dos trabalhadores. "O ministro tem sido o braço armado de FHC contra os trabalhadores", acusou Roberto Von Der Osten, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PR).
O presidente da Executiva Nacional da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do Ministério Público da União (Fenajufe), Francisco Donizetti, disse que a manifestação serviu para mostrar o descontentamento dos trabalhadores com as ações de Pazzianotto de flexibilização dos direitos dos servidores federais.
"Querem acabar com os nossos direitos para facilitar a exploração do capital estrangeiro internacional", reclamou o sindicalista. De acordo com ele, o ministro exerce o método de implantação de uma política de enfraquecimento das entidades sindicais. "Ele determinou que os sindicalistas não fossem liberados do trabalho, diminuiu nossa força de ação", afirmou.
Donizzetti salientou que Pazzianotto defende o pagamento de juros da dívida externa. "Hoje mais da metade do orçamento nacional vai para pagar esta maldita dívida. Com isto, faltam recursos para os servidores. Estamos sem reajuste há sete anos", enfatizou.
Entre as injustas que teriam sido reforçadas pelo ministro no Paraná estão a recusa do pagamento de 11,98% de reposição salarial na conversão da URV (Unidade Real de Valor) para o real (a Justiça Federal já deu ganho de causa para os trabalhadores) e o corte das Vantagens Pessoais Nominalmente Identificadas (VPNI), que seriam os anuênios e quintos recebidos há anos pelos servidores federais do trabalho.
No Paraná, são 1,6 mil servidores do TRT. Eles não aderiram à greve nacional, iniciada há quase um mês. O ministro Almir Pazzionotto ficou irritado com os protestos. Ele criticou a greve dos servidores federais e afirmou que é necessária uma regulamentação da lei em relação a este tipo de greve. "Falta lei sobre isto. Vivemos num sistema anárquico", declarou ele, criticando ainda os servidores do trabalho. "Eles deveriam esperar o Congresso Nacional resolver esta questão. Tem uma proposta de Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) que tramita em Brasília. Não cabe uma resposta minha sobre isto. Eles devem cobrar do governo federal. Não sou parte desta questão", se defendeu.