Um estudo sobre o impacto do ruído dos tiros na audição de integrantes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar demonstra que o protetor auditivo na prática de tiro não está sendo usado com eficácia.
O objetivo da pesquisa é criar um programa de preservação auditiva, com base nos dados obtidos pelos estudos realizados pela mestranda Adriana Betes Heupa, em dissertação que foi aprovada com louvor pela banca do Mestrado em Distúrbios da Comunicação da Universidade Tuiuti do Paraná.
"Por pertencer a uma família de militares, a ideia deste trabalho já era antiga. Desde minha graduação, minhas pesquisas vêm sendo sobre o assunto. Com o mestrado, obtive a aprovação do comitê de ética para a aprovação da pesquisa, que me levou a concretizar o projeto. O importante agora é levar o ideal adiante, colocá-lo em prática", disse Adriana.
Participaram da pesquisa 115 militares, que passaram por avaliação auditiva completa. Também foram analisados os níveis de ruído emitidos pelas armas utilizadas pelo Bope. O estudo revelou que 92% dos policiais utilizam os protetores auditivos durantes as práticas de tiro, mas 23% apresentam sintomas de zumbido após o exercício, e 32,2% dizem saber informações superficiais sobre o protetor.
O nível de ruído ficou entre 118 e 133 decibéis, o que que ultrapassa os limites recomendados por norma regulamentadora do Ministério do Trabalho, que determina nível máximo de 120 decibéis. No exame de audiometria, que verifica o nível de audição, 25% do grupo apresentou perda de audição possivelmente causada pela exposição ao ruído.
Em outro exame, em 78,5% dos policiais verificou-se que as células do ouvido interno não estão íntegras em pelo menos uma orelha. Os exames comprovam uma lesão no ouvido, mas não a perda auditiva.
A pesquisa concluiu a necessidade da implantação urgente de um programa de preservação auditiva para evitar perdas auditivas, bem como para conscientizar os militares sobre o uso correto dos protetores auditivos e demais cuidados com a audição.
A banca examinadora era composta pelo professor doutor Herton Coinfman, a doutora Claudia Giglio de Oliveira Gonçalves e a doutora Moreira de Lacerda. Além dos familiares da mestranda, estiveram presentes o comandante do Bope, tenente coronel Rota da Purificação, e o diretor administrativo do Hospital da Polícia Militar, major Guilherme Teider Rocha.