Os procuradores que irão atuar na primeira vara federal especializada em crimes de lavagem de dinheiro, que será constituída nesta quinta-feira em Curitiba, não concordam com a maneira como o órgão será implementado.
A Coordenação Criminal da Procuradoria da República na Capital divulgou nesta quarta-feira uma nota oficial afirmando que a centralização das investigações em apenas uma vara pode acabar prejudicando as diligências que já vêm sendo realizadas.
A decisão de se criar varas especializadas em crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (SFN) nos cinco tribunais federais foi tomada no dia 12 de maio pelo Conselho de Justiça Federal.
As capitais dos Estados do Sul são as primeiras a implementar as novas atribuições.
Pela determinação, a vara sediada em Curitiba receberá todos os processos relacionados a lavagem de dinheiro que já estão em andamento em outras varas do Estado.
Os procuradores de Curitiba questionam a validade da medida na nota oficial.
''Não obstante a boa intenção da iniciativa, é importante ponderar, até para não se criar falsas expectativas, sobre alguns graves problemas que surgirão com a medida'', afirmam os procuradores.
Na nota, o grupo de procuradores destaca que não foi criada uma nova vara para lidar com o assunto, mas que o Conselho de Justiça Federal apenas determinou que a 2ª Vara Criminal de Curitiba absorvesse os processos.
No total são 803 processos sobre crimes contra o sistema financeiro que serão analisados por apenas dois procuradores, que ainda terão que continuar a atuar em processos de outras áreas que já tramitam na 2ª Vara Criminal.
Os procuradores salientaram também no documento que 90% das denúncias de lavagem de dinheiro são oriundas do interior do Estado, especialmente de Foz do Iguaçu, ''fato este que notoriamente dificulta a investigação e atrasa o processo criminal em razão das diversas diligências e atos processuais que deverão ser delegados às autoridades locais''.
Terça-feira, o governo federal anunciou as primeiras medidas de um pacote que tem como objetivo apertar o cerco à lavagem de dinheiro