Os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Lindbergh Farias (PT-RJ) discutiram ontem no Senado, em torno da privatização. Preocupado com a reação da militância do PT ao leilão de três aeroportos às vésperas do Congresso Nacional do partido, marcado para sexta-feira em Brasília, Lindbergh insistiu na tese de que não houve privatização, e sim concessão. A privatização petista extraiu a simpatia do tucano. "É o PT seguindo o ideário do PSDB e isso é muito bom. Quem sabe não estejamos juntos lá na frente", encerrou Aécio.
Mas o petista foi derrubado por um ato falho. "A privatização do PT foi uma das mais bem sucedidas da história do País", deixou escapar o petista no calor do debate, quando tentava pontuar as diferenças entre o modelo privatista do PSDB e as concessões do governo Dilma Rousseff. Aécio vibrou com o escorregão do colega e felicitou o reconhecimento. "O PT saiu do armário para o bem do Brasil. Bem vindo à era das privatizações".
Nervoso e lívido diante do desconforto de reconhecer de público o "ato falho", o senador do PT ensaiou uma canelada no colega. "Se a gente tivesse deixado, até a Petrobras tinha ido embora", atacou, no que foi prontamente contestado. "Privatizamos o que tinha que ser privatizado. O PSDB nunca falou em privatizar a Petrobras", rebateu Aécio.
O tucano insistiu que o PT segue a cartilha do PSDB no governo, aprovando até o Proer (programa de socorro aos bancos), ao qual os petistas reagiram à época com o "Fora FHC". E concluiu prevendo que, depois de "satanizar" o tucanato na campanha por conta das privatizações, "o PT terá de encontrar outra forma de contestar o PSDB".
Retomando o tom cordial, Lindbergh falou da dificuldade de debater com "o mais simpático e mais competente senador do PSDB". A partir daí, a troca de afagos evoluiu para lançamentos mútuos de candidaturas. "O Aécio tem tudo para ser um dia presidente da República. Mas não vai ser agora", disse o petista, para delírio do presidenciável do PSDB.