Paraná

Preso é executado dentro de viatura

17 nov 2000 às 12:01

Dois homens com capuzes executaram ontem à tarde o preso Pedro Carlos Bail, 23 anos, dentro de um carro da Polícia Civil, em Curitiba. Outro detento, Carlos Alexandre Rodrigues, 19 anos, que também estava no veículo, foi ferido a tiros gravemente.

Bail e Rodrigues são acusados de balear um investigador no 11º Distrito Policial durante uma fuga no dia 16 de setembro deste ano. Eles foram recapturados pelo Grupo Águia, da Polícia Militar, na sexta-feira passada em Campo Mourão. Os dois eram levados de volta à delegacia depois de exames feitos no Instituto Médico Legal (IML).


Por volta das 17h30, a viatura 9237 foi fechada por um Fiat Tempra de cor escura no cruzamento das ruas João Bettega e Senador Acioly Filho, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Os investigadores José Galaad Penha e Odair Alves não reagiram à abordagem.


De acordo com o delegado titular do 11º DP, Joel Bino de Oliveira, os policiais "foram pegos de surpresa". "Os investigadores não reagiram temendo ser mortos". Segundo ele, enquanto um homem aguardava no volante do Tempra, os outros dois, "com armamento pesado" (as armas não foram especificadas pelo delegado), algemaram Penha e Alves, abriram o compartimento traseiro do carro e dispararam várias vezes contra Bail e Rodrigues.


Os matadores não foram identificados. Eles usavam macacões de cor azul e protegiam o rosto com gorros. A placa do Fiat Tempra usado na ação foi roubada de um Gol. O delegado Joel Bino de Oliveira disse que vai instaurar inquérito para apurar o que ele definiu como "tragédia".


Perguntado se as execuções não tinham sido motivadas por vingança de outros policiais, Bino de Oliveira preferiu não fazer comentários. "No momento, não podemos falar nada a respeito. Eles estavam com macacões azuis, gorros na cabeça e com armamento pesado. Mas que eu saiba, a Polícia Civil não usa armamento pesado."

Oliveira disse que sempre orientou os policiais a fazer caminhos diferentes quando regressavam com os presos para o distrito. O exame no IML, conforme o delegado, fazia parte dos procedimentos do inquérito policial aberto para investigar a fuga de Bail e Rodrigues. A emboscada aconteceu a menos de um quilômetro do assalto a uma casa lotérica no sábado em que Rita Todesco, 40 anos, morreu com um tiro na cabeça.


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