Policiais civis do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) realizaram, nesta terça-feira (23), a Operação Floresta Negra, em municípios dos Campos Gerais e em Curitiba. A ação põe fim a uma quadrilha responsável pela compra e venda de autorizações irregulares para corte e venda de araucárias, emitidas por funcionários já presos do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) a fazendeiros e madeireiros. A polícia estima que mais de 36 mil árvores daquela espécie, em dezenove fazendas, tenham sido cortadas ilegalmente.
A área devastada no Paraná equivaleria a quase 1.500 mil campos de futebol, de acordo com o IAP. Pelo menos R$ 8 milhões teriam sido movimentados pela quadrilha, segundo a polícia. A ex-diretora regional do IAP de Ponta Grossa, Elma Nery de Lima Romano, teria participado da liberação irregular das autorizações. Fariam parte da quadrilha ainda outros funcionários públicos, fazendeiros e madeireiros. Policiais militares auxiliaram a investigação.
Mandados – Apenas na manhã desta terça-feira (23), oito pessoas foram presas em cumprimento a mandados de prisão e outros dez mandados de busca e apreensão foram cumpridos, simultaneamente, em Ponta Grossa, Castro, Irati, Piraquara e Curitiba. Desde o começo das investigações policiais, 27 pessoas foram presas suspeitas de participação no esquema. Elma Romano está foragida e é procurada pela polícia. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, há indícios de participação de policiais militares da Força Verde, que já foram afastados daquela região e ainda estão sendo investigados.
Segundo o presidente do IAP, Victor Hugo Burko, as suspeitas de desmatamento ilegal começaram quando uma equipe do instituto sobrevoou a região e detectou clareiras.
O Cope investigou o caso desde a primeira denúncia do IAP, há cerca de 120 dias. A direção do instituto suspeitou que alguns funcionários pudessem fazer parte de um esquema para fraudar licenças ambientais. "O Cope foi acionado e começamos a desvendar toda a negociata", disse o delegado operacional do Cope, Francisco Caricati, que dirigiu as investigações.
Lucro - De acordo com a polícia, os fazendeiros têm muito a ganhar com o corte ilegal em suas propriedades. "Além de vender a madeira, o proprietário da área desmatada lucra muito com a valorização da sua propriedade. Uma área sem árvores tem mais espaço para plantar", explicou Caricati.
A polícia informou que os proprietários das 19 áreas investigadas pela polícia lucravam cerca de R$ 50 por metro cúbico. "Desde que iniciamos as investigações, descobrimos que os proprietários garanharam mais de R$ 1,3 milhão com a venda de madeira", afirmou o delegado. As investigações da polícia também mostraram que os madeireiros cobravam R$ 200 por metro cúbico de araucária e teriam ganhado cerca de R$ 5,5 milhões.
"O valor de mercado do metro cúbico de araucária custa R$ 300. O total de multas que estas pessoas pagarão deve chegar em mais de R$ 14 milhões", disse. Todos os proprietários rurais responderão por crime ambiental e já foram autuados pelo IAP.
Segundo o delegado, os detidos devem ficar em Curitiba e responderão por crime contra o meio ambiente, corrupção passiva e ativa, formação de quadrilha e falsidade ideológica. A polícia autuou 16 proprietários rurais, seis madeireiros, o funcionário da ONG, quatro funcionários públicos e um engenheiro florestal autônomo. (AEN)