Uma comissão formada por prefeitos da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) aguarda para se reunir com representantes da Coordenação da Região Metropolitana (Comec) para decidir o futuro do transporte integrado e da tarifa única nas linhas intermunicipais. Os prefeitos temem que o fim do subsídio traga prejuízos ao transporte integrado da RMC.
O prefeito de Pinhais e presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba (Assomec), Luizão Goulart, rebateu o discurso do governador Beto Richa, que defende que o transporte público é responsabilidade apenas dos municípios. "Esperamos chegar a um acordo e que o governo mantenha ao menos de forma parcial o subsídio. O transporte intermunicipal é do governo e ele tem que assumir a responsabilidade".
Para o prefeito, a manutenção da verba estadual para o transporte coletivo intermunicipal é mais do que necessária. Ele fala em falta de estrutura das cidades para manterem sozinhas a demanda das linhas do transporte público e que, caso não haja consenso, o valor da tarifa não continuará unificado ou as linhas de ônibus podem deixar de ser integradas. "Se os municípios tiverem que arcar com o transporte, muitos poderão deixar de integrar a região metropolitana", diz.
Goulart menciona que cidades como Pinhais, administrada por ele, além de São José dos Pinhais e Araucária, por causa da alta importância econômica, não teriam problemas em bancar um subsídio. Porém, ele argumenta que a maioria das cidades seriam "muito pobres", como é o caso de, segundo ele, Itaperuçu e Rio Branco do Sul, para bancar os custos do transporte intermunicipal.
A prefeitura de Curitiba definiu na terça-feira (12) a nova tarifa tanto do transporte urbano quanto da Rede Integrada de Transporte de 13 cidades da Grande Curitiba em R$ 2,85. Porém, assim como o prefeito de Pinhais, o presidente da Urbs deixou nas mãos do governo do Estado a manutenção da unidade da RIT, o que esquentou as discussões políticas sobre o tema. "A Urbs não tem competência para operar o transporte intermunicipal. Essa demanda não é do município de Curitiba, mas de toda a população da Região Metropolitana".
Fim do subsídio - o secretário de Desenvolvimento Urbano do Paraná, Ratinho Junior, descartou qualquer possibilidade de manter um aporte financeiro, como o subsídio repassado pelo governo do Estado aos municípios da Região Metropolitana de Curitiba. "A responsabilidade é do município polo (no caso, Curitiba) e das outras cidades", diz o secretário. Segundo ele, esta resposabilidade parte de uma resolução do Supremo Tribunal Federal (STF).
Apesar das divergências e do tom conflituoso no embate político entre o governo do Estado e as prefeituras da RMC, Ratinho Jr disse que pretende criar uma "boa parceria" para manter o transporte integrado entre a Capital e as demais cidades metropolitanas. "É um modelo que é referência no Brasil e apesar dos problemas ainda dá certo. Se acabar, quem mais perde é Curitiba".
Segundo o secretário, 30% dos trabalhadores e consumidores do comércio da Capital vêm da RMC e a desintegração do transporte prejudicaria a economia da cidade. (atualizado às 19h37)