O Paraná tem 1,03 milhão de pessoas abaixo da linha de pobreza estabelecida pelo programa Fome Zero, idealizado pelo governo federal. Isso significa que mais de 10% dos paranaenses teriam direito hoje a serem incluídos no programa.
O Estado tem cerca de 9,5 milhões de habitantes. Esses dados aparecem em levantamento elaborado pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), apresentado nesta segunda ao governador Roberto Requião (PMDB). A base do estudo são os microdados do Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Fome Zero considera pobres as pessoas que recebem menos de um quarto do salário mínimo por mês, descontados gastos com moradia e acrescentada renda por autoconsumo - produção de alimentos para consumo próprio, por exemplo. Um dos autores do estudo, o pesquisador Rafael Fuentes, da área sócio-econômica do Iapar, estima que dois terços dos paranaenses que estão abaixo da linha da pobreza vivem em cidades.
''Os dados complementam os do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)'', explicou Fuentes. ''Eles confirmam a situação precária dos municípios mais pobres, mas mostram distorções em cidades como Curitiba e Londrina, que têm IDH alto, mas também um grande número de pessoas abaixo da linha da miséria.''
A Capital, por exemplo, é a cidade do Estado com mais pobres - são 83.682 pessoas, ou 5,33% da população total, de cerca de 1,56 milhão. Em Londrina, 28.823 pessoas estão abaixo da linha de pobreza do Fome Zero - o equivalente a 6,5 % da população de 443 mil pessoas. ''Proporcionalmente, o número é baixo, o que mascara a existência de muita gente abaixo da linha da miséria. Essas cidades também devem adotar ações contra o problema'', disse Fuentes.
Os dados revelam ainda que a pobreza do Estado está concentrada em 42 dos 399 municípios. As desigualdades numa mesma região também foram destacadas. No Litoral, por exemplo, a média de pobreza de Morretes era de sete pessoas para cada 100 habitantes. Guaraqueçaba concentra 29 pobres para cada 100 habitantes
Na Região Metropolitana de Curitiba, 8% da população vivem na faixa de pobreza, cerca de 216,1 mil pessoas. A Região dos Campos Gerais concentra 12,9% da pobreza do Estado. No Norte Pioneiro, a taxa de pobreza é de 11,9%. No Norte, são 12,1% na faixa de pobreza.
A Região do Médio Paranapanema foi a que teve os melhores índices: apenas 7% da população estão na chamada faixa de pobreza. No Vale do Ivaí, os municípios de Rio Branco do Ivaí (35,6%), Ariranha do Ivaí (32,6%), Godoy Moreira (32,5%) e Rosário do Ivaí (28,8%) estão com os índices mais alarmantes.
No Noroeste, 9,7% dos habitantes estão na linha de pobreza. Na Região de Entre Rios, 9,2%. No Oeste, 10,2%. A Região Sul também é preocupante: 16,7% dos moradores estão na linha da miséria. No Sudoeste o índice é ainda maior, 14,2%. As maiores taxas de pobreza ficaram concentradas nas regiões Centro-Sul (20,2%), Centro (20,7%) e de região de Laranjeiras do Sul (24,7%).