Paraná

População de Figueira teme futuro sem usina

21 abr 2003 às 17:10

A iminência do fechamento da Usina Termelétrica de Figueira (125 Km ao sul de Jacarezinho), está deixando apavorada a comunidade do município. O provável fechamento da usina, que foi terceirizada em 1996 para a Carbonífera Cambuí, resultará em grandes prejuízos para a cidade, que depende das duas empresas para seu desenvolvimento sócio-econômico.

É consenso que o fechamento da termelétrica, previsto para acontecer em três meses, levará a carbonífera à falência. Pelo menos, 290 pessoas perderão seus empregos.


A decisão de encerrar as atividades na usina partiu do Conselho Deliberativo da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel), durante reunião realizada no dia 27 de março.


O Conselho entendeu que, mesmo com a repotenciação, que aumentaria a capacidade de geração de energia de 20 MW para 125 MW de capacidade nominal, a termelétrica não se tornaria um negócio rentável para a companhia e manteria, nos próximos anos, um fluxo de caixa negativo. Mesmo terceirizada, a termelétrica continua pertencendo à Copel.


Além da questão financeira, outro motivo que impede o início do processo de repotenciação da usina é uma ação civil pública impetrada em junho de 2001 pela Organização Não Governamental (ONG) Liga Ambiental, de Curitiba.


A entidade alega irregularidades na forma como foi realizado o Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), por parte do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). A ONG acredita que a provável emissão de gases poluentes pela usina seria prejudicial à população.


A ação civil pública tramita no Fórum da Comarca de Curiúva (154 km ao sul de Jacarezinho). A pedido da juíza de Direito da Comarca, Letícia Marina Conte, um técnico da Universidade de São Paulo (USP), realizou uma perícia na usina e considerou o projeto viável do ponto de vista ambiental.


Já a promotora de Justiça, Maria Luiza Correia de Mello, concordou com a alegação da ONG de que poderá haver danos ambientais. O próximo passo será a juíza analisar o resultado da perícia e as considerações do Ministério Público. Em seguida, será realizada uma audiência com as partes envolvidas, antes do processo ir a julgamento.


A decisão da Copel de promover a repotenciação da termelétrica foi anunciada em junho de 2001, durante realização de uma audiência pública.


O engenheiro de minas e responsável pelas operações da Carbonífera Cambuí, Nilo Schneider, afirma que durante a audiência foi ressaltado que, após a repotenciação, a usina se tornaria a ''mais moderna do Brasil queimando carvão'', utilizando-se da tecnologia de última geração.


Além disso, a usina se tornaria a primeira a ter sistema para reter o enxofre, antes que ele polua o ar.


Segundo Schneider, nem mesmo o previsto investimento de US$ 120 milhões para implantação da repotenciação pode ser utilizado como pretexto para desistência do projeto. Ele completa que, logo após a realização da audiência, a Eletrobrás aprovou o projeto e o financiamento para a Copel, com juros de 6% ao ano.


A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), também aprovou o projeto. ''Até mesmo um consórcio, com tecnologia da Eslováquia, foi contratado para implantação da repotenciação'', acrescenta.


O engenheiro de minas observa que, atualmente, são comuns os comentários que existe uma sobra de energia. ''Se o Brasil ingressar em um novo ciclo de desenvolvimento econômico com a retivação de demanda de energia, uma nova crise poderá ser instalada'', diz, comentando que nesse caso as usinas termelétricas poderão atuar como ''sinônimo de seguro'' ao setor.

A assessoria de imprensa da Copel informou que o presidente da companhia, Paulo Pimentel, esteve reunido com funcionários da companhia na região Figueira, mas que não houve alterações na posição inicial da estatal.


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