Paraná

Policiais são denunciados por execução de jovens

17 dez 2009 às 20:17

O Ministério Público do Paraná ofereceu denúncia nesta quinta-feira ,contra 13 policiais militares que teriam executado a tiros os jovens Davi Leite de Freitas, Josemar Bernardo, Thobias Rosa Lima, Salatiel Aarão Rosa Lima e Éderson Miranda. Os crimes aconteceram no dia 10 de setembro.

Pela versão dos policiais envolvidos, eles teriam feito uma perseguição ao veículo Gol ocupado pelos cinco rapazes e, após uma colisão num divisor de pistas na contramão da Rua Nicolau Maeder, no Alto da Glória, em Curitiba, os jovens teriam desembarcado e trocado tiros com os policiais. Dois dos rapazes teriam sido baleados no local, enquanto outros três teriam corrido até um terreno próximo, onde teria havido um segundo confronto, sendo todos atingidos e encaminhados pelos próprios policiais ao Hospital Cajuru, onde entraram em óbito.


Entretanto, pelas investigações realizadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), restou evidenciado que os cinco jovens foram dominados pelos policiais no momento da abordagem do veículo, sendo posteriormente encaminhados até o bairro Atuba, onde foram mortos.


Segundo as investigações, imagens captadas pelo circuito interno de TV de uma clínica na Rua Nicolau Maeder registraram o momento da abordagem e mostram que a ação dos policiais, na verdade, foi muito rápida, não dando chance para uma reação por parte das vítimas.
Conforme os promotores de Justiça pode-se ver claramente um dos rapazes sendo dominado e revistado por um policial, e sendo conduzido, caminhando, em direção à viatura policial. O rapaz foi reconhecido por familiares como sendo a vítima Thobias Rosa Lima que, conforme laudo de necropsia do IML, foi morto com seis disparos de arma de fogo no peito. Além disso, descobriu-se que além das viaturas da ROTAM outras duas viaturas de área participaram da execução, as quais foram flagradas por um radar da URBS passando juntas em direção ao Atuba.
Essas viaturas de área contavam com um sistema de monitoramento via GPS, e o trajeto percorrido por elas ficou registrado, confirmando a saída da região do Alto da Glória até o Atuba, onde permaneceram por cerca de seis minutos, para somente então se deslocarem para o Hospital Cajuru. Imagens captadas pela imprensa naquele hospital mostraram que uma das vítimas foi retirada, justamente, do camburão de uma dessas viaturas de área. E mais: o exame de confronto balístico revelou, também, que dois dos projéteis retirados dos corpos das vítimas partiram da arma de um policial que estava nessa viatura de área.


A quebra do sigilo telefônico dos policiais da ROTAM mostrou que foram feitas ligações pouco antes da execução, sendo que tais ligações teriam sido feitas a partir de antenas localizadas na região do Atuba. Realizadas buscas no local, foram encontrados dois estojos deflagrados, os quais a perícia demonstrou serem procedentes das armas de dois policiais da ROTAM envolvidos. No mesmo horário em que as viaturas permaneceram paradas no Atuba, populares ligaram para o 190, noticiando a ocorrência de intenso tiroteio e a presença de policiais militares no local. O tiroteio teria durado cerca de cinco minutos. Exatamente o contrário do que se deu no Alto da Glória, pois nenhuma das inúmeras testemunhas ali residentes acusou qualquer tiroteio naquela data.


Diante das muitas provas levantadas pelo GAECO e pela Polícia Militar, o MP concluiu que as cinco vítimas foram totalmente dominadas e levadas para local ermo, onde foram executadas por motivo torpe, em atitude típica de grupo de extermínio, com emprego de meio cruel e sem qualquer chance de defesa, caracterizando-se todos os cinco homicídios como triplamente qualificados.

Os policiais foram também denunciados por crime de fraude processual, por terem tentado confundir a coleta de provas e tentado induzir em erro os responsáveis pela investigação. Segundo o GAECO, os policiais chegaram a alterar a cena do crime, retirando alguns estojos que foram deflagrados no Atuba, local das execuções, e jogando-os posteriormente num terreno localizado na Rua Doutor Zamenhof, no Alto da Glória, apontado fraudulentamente como sendo o local do segundo confronto.


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