O Departamento de Compras da Prefeitura de São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, confirmou a compra de seis galões do material usado na esterilização hospitalar, que pode ter sido desviado da Secretaria de Saúde do Estado. O detergente especial Endozime foi vendido à prefeitura no dia 9 de maio deste ano pela Starmed Artigos Médicos e Hospitalares Ltda, com sede em Curitiba.
A empresa e a mercadoria foram alvos de sindicância interna da secretaria em agosto. O resultado da investigação, publicado ontem na Folha, sugere que o produto foi desviado dos estoques públicos e revendido pela Starmed à Prefeitura de São José dos Pinhais. O servidor Sidnei Guetten foi afastado da chefia do Departamento de Material e Patrimônio (Demp) do Instituto de Saúde do Estado do Paraná (Isep), ligado à secretaria. Ele é acusado de ter desviado o detergente. Guetten negou ter liberado qualquer lote sem autorização superior.
O diretor do departamento de compras da prefeitura, Alcídio Vosgerau, garantiu que a Starmed venceu licitação para vender o Endozime, que seria aplicado no Hospital Municipal Dr. Atílio Talamini. Vosgerau declarou não ter conhecimento de que o produto poderia ter sido desviado da secretaria. "Sei que tinha dado problema. Agora se é esse produto, eu não sei", afirmou. Ele contou que um investigador da Polícia Civil levantou todos os documentos referentes a compra e venda do Endozime. O caso está sendo apurado pela Delegacia de Crimes Contra a Administração Pública, a pedido do Ministério Público.
Cópia do documento de compra do Endozime, ao qual a reportagem teve acesso, demonstra que foram gastos R$ 1.014,00 na compra dos seis galões do detergente. Cada um deles foi vendido pela Starmed por R$ 169,00. A Folha tentou contato com os donos da empresa. Um funcionário, que se identificou como Dirceu, disse que o dono da Starmed, Gercino Elias, não estava. Foi deixado o telefone do jornal, mas não houve retorno.
O procurador-geral do Estado, Joel Coimbra, disse ontem que 11 pessoas já foram ouvidas no processo administrativo aberto para esclarecer o caso. Coimbra não quis dar detalhes da apuração sob a justificativa de não atrapalhar os trabalhos. "Estamos analisando todos os documentos. Não dá pra gente adiantar nada até para a própria segurança das investigações", disse o procurador.