O diretor interino da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara (Região Metropolitana de Curitiba), tenente-coronel Nemésio Xavier de França, determinou que sejam feitas operações especiais até o final da tarde desta terça-feira para detectar os locais onde foram escondidos dois revólveres, uma pistola e uma granada utilizados durante a rebelião.
As paredes da cantina e do local onde são feitas as visitas íntimas (chamado "motel") estão sendo demolidas. "Recebemos informações de que as armas tenham sido concretadas nas paredes da cantina e do motel dos detentos. Temos que averiguar", declarou Xavier, ao explicar o porquê que algumas alas não tiveram visitas no domingo. "Tínhamos que evitar que as armas entrassem novamente nas celas. Estamos alertas." O resultado da operação será divulgado na quarta-feira.
Também esta semana estão sendo feitas revistas diárias nas celas para evitar que sejam guardados restos de comida, como por exemplo arroz e batata. Os alimentos são fermentados e transformados em uma bebida apelidada de "choca" e que tem alto teor alcóolico. "Retiraremos todos os restos de comida. Vamos ser rigorosos para evitar que os detentos se embriaguem e provoquem tumultos", destacou.
Para evitar a formação de novos grupos dentro da penitenciária, os militares estão elaborando um documento com normas rigorosas de comportamento. Dos pouco mais de 1,3 mil presos da PCE, 23 eram do Primeiro Comando da Capital (PCC) e lideravam a rebelião. Outros cem internos auxiliaram no motim e são suspeitos de participar da organização. "Sabemos o que ocorreu e sabemos que o PCC estava no domínio de parte da cadeia. Vamos tomar as providências e implementar normas administrativas para conter o movimento", disse o coronel.
Entre as medidas que poderão ser tomadas está o toque de recolher nas celas e galerias. Os presos teriam horário para dormir pré-estabelecidos. A cantina permancerá fechada para evitar a continuidade de cobrança de dívidas entre os detentos. O cigarro será limitado para uma carteira por semana. "Havia muita discórdia por causa do cigarro. Ele era vendido de forma superfaturada na cantina do presídio. Presos ficavam devendo para outros presos. Com a proibição estaremos previnindo e evitando novas rebeliões", argumentou Xavier.
As novas normas da PCE serão divulgadas na sexta-feira. A Polícia Militar ainda não sabe por quanto tempo estará no comando da unidade. As metas da administração atual são retomar a cadeia, determinar as facções existentes, elaborar determinações e regras rigorosas e devolver o presídio para o sistema penitenciário.