Paraná

PM desconfia de bomba e explode carro de agricultor

07 jan 2003 às 18:14

O produtor rural Luís Renato Brandão, 46 anos, deu azar. Seu velho Passat ficou sem gasolina numa das ruas mais movimentadas da região central de Curitiba, a Coronel Dulcídio. O carro parou na frente da sede da Companhia Paranaense de Energia (Copel).

Sem ter o que fazer, Brandão encostou-o em local de estacionamento proibido. Aproveitou para perguntar ao pessoal da recepção sobre a posse do novo presidente da empresa, o empresário da comunicação e ex-governador Paulo Pimentel, marcada para esta terça-feira. Segundo Brandão, Pimentel é um amigo da família. Não, a solenidade não seria ali. "Pena", pensou Brandão. E foi cuidar da vida.


A segurança da Copel desconfiou da presença do velho Passat estacionado irregularmente à porta da empresa por horas a fio e chamou a Polícia Militar. Veio a PM. A partir da placa (AGY 1310), levantou as informações do veículo - está registrado em nome do antigo dono, tem três anos de IPVA não pago e inúmeras multas vencidas. A dívida soma R$ 2,5 mil.


Desconfiados de possibilidade de um atentado, os policiais chamaram o Esquadrão Anti-Bombas. Veio o esquadrão, e explodiu o capô do motor e o porta-malas do Passat de Brandão em busca de uma bomba. Não encontrou nada. Enquanto isso, o agricultor voltava ao local com uma garrafa descartável de refrigerante cheia de gasolina.


Surpreso com o estado do carro, Brandão foi cercado pela polícia e pela imprensa. Foi informado de que o Passat seria apreendido por causa do imposto e das multas não pagos. Não pretende buscar o carro, que vale menos que a dívida com o Estado. Mas avisou que vai à Justiça contra o governo, por ter destruído seu Passat.


Em nota oficial, a Polícia Militar justifica a ação. Veja o texto:


"Por volta das 15h30, a Polícia Militar recebeu denúncia através do telefone 190 sobre a possível presença de artefato explosivo dentro do Passat AGY 1310. Após pesquisa sobre o proprietário, descobriu-se que o carro estava com impostos atrasados há três anos e que não foi transferido para o nome do atual proprietário, não permitindo que fosse localizado. Esta situação fez com que os policiais militares presentes ao local adotassem medidas para garantir a integridade física das pessoas presentes ao local."

"Após análise preliminar, decidiu-se realizar uma abertura à distância prevista nos protocolos internacionais envolvendo artefatos explosivos. Foi feita a abertura do porta-malas e do capô com 5 gramas de explosivos em cada local. rompendo apenas as fechaduras. Após este procedimento, que visa salvaguardar a segurança das pessoas presentes ao local, o condutor reapareceu. De imediato a operação foi encerrada e o carro foi vistoriado pelo Esquadrão Anti-Bombas da Polícia Militar, não sendo nada encontrado."


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