A Promotoria de Investigações Criminais (PIC) apresentou no início deste mês mais uma denúncia de corrupção e formação de quadrilha envolvendo policiais civis. Desta vez, os citados foram o delegado Mário Ramos (ex-delegado titular de Furtos e Veículos) e o investigador Samir Skandar. Os dois teriam recebido dinheiro e benefícios pessoais de uma quadrilha de desmanche de veículos roubados que seria comandada pelo empresário Paulo Pacheco Mandelli. O empresário tem a prisão preventiva decretada e está foragido.
Segundo a denúncia, durante quatro ou cinco anos foram depositados cheques no valor de R$ 100 mil nas contas pessoais de Skandar. Os cheques eram assinados por Mandelli. Os canhotos foram encontrados em lojas de auto-peças do empresário. Também foram encontradas ligações telefônicas quase diárias entre os dois. Os telefonemas eram feitos da casa e da loja de Mandelli.
Outros cheques foram rastreados e constatados depósitos realizados numa conta de uma empresa de propriedade da família do delegado Mário Ramos. Outros cheques emitidos foram trocados por pessoas físicas e jurídicas que garantiram em depoimento na PIC que fizeram negócio com Ramos. Os promotores da PIC verificaram ainda que em pouco tempo o delegado teria conquistado postos dentro da Polícia Civil, passando de perito criminal para investigador e delegado. O período teria ligação com o início da suposta proteção de Ramos aos empresários do setor de desmanches.
Os promotores constataram ainda outro episódio que ligaria Ramos a Mandelli. Durante a apreensão de um veículo Passat e dois caminhões carregados com peças, de propriedade de Mandelli, há um ano e meio, os promotores encontraram um envelope com o nome "Ramos". Dentro estavam folders e panfletos da Operadora de Turismo Stella Barros. Após verificação, foi constatado que Mandelli nunca teria visitado a empresa. Mas a filha de Mário Ramos teria feito uma viagem para a Disneyworld, nos Estados Unidos. A conclusão dos promotores foi a de que Mandelli ou financiou a viagem, ou emprestava seu carro particular para uso da família do delegado de polícia.
A denúncia já está protocolada na 5ª Vara Criminal de Curitiba e deverá ser analisada em agosto pelo juiz Gilberto Ferreira, que acompanha outros casos envolvendo Mandelli.
Ontem a reportagem da Folha entrou em contato com o escritório de René Dotti (que defende Ramos) mas não obteve retorno das ligações. O policial civil Samir Skandar também foi procurado, mas não foi encontrado.