Paraná

Pastoral da Criança vai ao Timor Leste

12 jan 2001 às 10:24

A coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, vai enfrentar mais um desafio a partir deste mês: reduzir a mortalidade infantil e melhorar a qualidade de vida da população de Timor Leste, um dos países mais pobres do mundo e que vive em conflitos internos. Na próxima quinta-feira, dia 18, ela viaja ao país, integrando uma comitiva que acompanhará o presidente Fernando Henrique Cardoso em um roteiro que inclui sete países asiáticos. A missão de Zilda Arns concentra-se no Timor Leste, onde ela dará início à implantação da Pastoral da Criança no País.

"Eu sempre me sinto chamada e é preciso atender a esses chamados. A missão não espera, a missão vai, e a característica do meu trabalho e da minha pessoa é seguir a missão. É preciso aceitar as oportunidades que aparecem para fazermos um mundo mais justo e mais fraterno, que o resto não interessa", diz Zilda, ao comentar mais essa tarefa em sua vida. Essa humildade, aliás, pode ser sentida em todas as palavras dessa médica pediatra, cujo idealismo levou à criação da Pastoral da Criança no Brasil, há 17 anos, entidade que vem fazendo verdadeiros milagres nas comunidades em que atua no Brasil.


A idéia de implantar um projeto semelhante no Timor Leste nasceu após uma conversa entre Zilda e o bispo dom Carlos Ximenes Belo do Timor (Prêmio Nobel da Paz em 1996), nas comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil, em Porto Seguro (BA). Já naquela época, ela enviou ao país algum material sobre os trabalhos da Pastoral. "Tanto que já fiquei sabendo que eles já começaram a fazer algum trabalho da pastoral naquele país", fala.


Depois da visita junto com a comitiva brasileira de ajuda ao Timor Leste, em dois meses ela espera já poder mandar uma comissão da Pastoral encarregada do treinamento de pessoal no país. "Se tudo der certo, em seis meses já podemos ter boas notícias com nosso trabalho", diz Zilda. Ela acredita que os grandes desafios da Pastoral serão, além de reduzir a mortalidade infantil, trabalhar em projetos que contribuam para melhorar a nutrição e alimentação, na geração de renda e alfabetização. O primeiro passo será organizar a comunidade, escolher as lideranças e capacitá-las para o trabalho. Foi assim, segundo ela, que a Pastoral expandiu-se pelo Brasil e já está presente em três países da África e sete da América Latina.


O maior feito da Pastoral da Criança no Brasil é, sem dúvida, a redução da mortalidade infantil, que caiu para quase um terço nas áreas atendidas pela entidade. Enquanto no Brasil a mortalidade foi de 34,6 mortes no primeiro ano de vida para cada mil nascidos vivos, segundo dados da Unicef de 1999, nas áreas atendidas pela Pastoral esses números estão entre 12 e 17 mortes por mil nascidos vivos. A constatação é ainda mais significante se levarmos em conta que a entidade trabalha apenas em bolsões de pobreza.

O que impressiona é o baixo custo desse trabalho, de apenas R$ 1,00 mensal por criança. Valor obtido graças à rede de voluntários que a Pastoral conseguiu criar ao longo do tempo. Existem hoje 152 mil voluntários atuando em 3,2 mil municípios do País. Por esse trabalho, a Pastoral e Zilda Arns já possuem inúmeros prêmios. A maior distinção, entretanto, pode acontecer este ano. É que Zilda Arns acaba de ser indicada, pelo governo federal, para concorrer ao Prêmio Nobel da Paz.


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