A Prefeitura alerta a população para os riscos de beber água de fontes, nascentes e bicas de Curitiba, como as do Bosque Gutierrez, nas Mercês, e dos parques do Atuba e Bacacheri. "A qualidade da água destas fontes está comprometida pela presença de bactérias e seu consumo pode causar doenças, mas as tentativas de conscientizar a população sobre o risco não têm tido o efeito desejado e as pessoas continuam bebendo esta água", afirma a superintendente da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Edimara Seegmuller. "A única água indicada para beber é a água tratada."
A Prefeitura tem sinalizado as fontes e bicas onde foi detectada a contaminação. Em todas elas foram colocadas placas com o aviso: "ÁGUA IMPRÓPRIA PARA CONSUMO". Praticamente em todos os locais as placas foram retiradas ou pichadas, impedindo a leitura. Na rua Uruguai, no bairro Bacacheri, por exemplo, as letras "I" e "M" foram riscadas, invertendo a informação e induzindo a população a acreditar que a água é própria para consumo. A Prefeitura colocará novas placas de aviso nas fontes mais procuradas pela população.
A Secretaria Municipal da Saúde convocará lideranças da comunidade e vizinhos das fontes para uma reunião para discutir o assunto, porque em alguns locais o costume de apanhar água vem de décadas. Além das fontes do Bosque Gutierrez, do Atuba e Bacacheri, há diversos locais da cidade onde há minas e bicas de água e todas estão em situação semelhante de contaminação. A maioria é de água do lençol freático, que aflora naturalmente. Nos parques do Atuba e Bacacheri as águas são de poços artesianos, que foram abertos para alimentar os lagos dos dois parques.
A principal causa do comprometimento das fontes está relacionada ao rápido e intenso adensamento populacional, ocorrido nos últimos anos. Associado às práticas inadequadas de saneamento, como a disposição do lixo diretamente no solo e os esgotos clandestinos, o processo tem provocado a contaminação do lençol freático, que por ter uma localização mais superficial, torna-se muito mais vulnerável. Outro agravante para a contaminação das águas é o fato de animais, como cães e cavalos, terem acesso às torneiras, muitas vezes, conduzidos pelos donos.
Contaminação - A poluição das fontes foi detectada pelo Centro de Saúde Ambiental da Secretaria Municipal da Saúde, que monitora a qualidade da água consumida em Curitiba. As amostras analisadas mostram a contaminação por bactérias como pseudomonas, coliformes totais e fecais. Estas últimas são encontradas no intestino de seres humanos e animais de sangue quente. As pseudomonas são bactérias oportunistas, que podem provocar quadros graves de gastroenterite (inflamação do estômago e dos intestinos) em crianças ou pessoas com baixa imunidade. Bactérias indicadoras de contaminação podem causar doenças diarréicas.
A lei que estabelece o padrão de potabilidade da água deixa bem claro que, a água boa para beber, não deve ter nenhuma bactéria ou qualquer outro microorganismo que possa causar doenças. Portanto, a presença de um coliforme fecal ou de cem coliformes numa amostra de 100 mililitros, tem o mesmo valor legal para desqualificar esta água, ou seja, para considerá-la imprópria para consumo humano.
Apesar de as águas das fontes terem aparência límpida e não ter nenhum sabor diferente, não significa que sejam boas para consumo, porque apenas as análises de laboratório detectam os microorganismos nocivos. Uma vez detectada a contaminação, as equipes de saúde da secretaria orientam a população sobre os riscos do consumo dessas águas, fixando placas com as informações, nos locais.