A Comissão de Distribuição de Corpos para Estudos e Pesquisa, composta por universidades, igrejas, cartórios e Ministério Público, pretende reforçar a campanha que estimula a doação de cadáveres para auxiliar as aulas nas universidades do Paraná. Uma nova etapa da campanha, que começou em 1999, vai ser realizada ainda no primeiro semestre, com a fixação de banners em diversas partes do Estado. "O reforço da campanha é para orientar e esclarecer a população sobre esse assunto, que é comum e usual em países europeus e nos Estados Unidos", disse o presidente da comissão, o médico José Geraldo Calomeno, professor da Universidade Federal do Paraná.
Essa nova fase acontece meses depois dos escândalos de desvios de corpos investigados no Instituto Médico Legal. De acordo com o médico José Geraldo Calomeno, foi a própria comissão quem solicitou que fosse feito investigações para moralizar o repasse de corpos para entidades educacionais, vindo do IML.
Calomeno explicou que a intenção da campanha é atender uma deficiência nas 15 universidades envolvidas na comissão. Hoje existem um corpo para cada 100 alunos estudarem. Há cinco anos atrás, este índice era de um para 10. Com essa proporção, o professor explica que que fica complicado para os alunos absorverem o conhecimento, sem uma prática adequada.
Atualmente, para compensar essa falta de corpos, os professores vêm se valendo de data-show e bonecos, que simulam determinados situações. "Mas o virtual não susbstitui com segurança o contato com os corpos", disse. De acordo com o professor José Calomeno, não são apenas os acadêmicos de Medicina que usam os corpos. Os cursos de Farmácia, Nutrição, Odontologia e Educação Física também valem-se de cadáveres para estudo.
O médico disse que na primeira etapa da campanha houve uma grande aceitação, mas uma grande parcela das pessoas que registraram em cartório estão vivas e, obviamente, não podem ter seus corpos para estudos. Segundo Calomeno, todo o processo é feito respeitando a lei 8.501/92 que regulariza o uso de corpos. Para que não haja erros no processo, o Ministério Público, por meio da Procuradoria de Investigações Criminais, fiscaliza os trâmites de doação e cessão de corpos.
Quando a família apresenta interesse, ela pode entrar em contato com a Universidade Fedaral do Paraná (41- 361 1679), que vai repassar uma listagem de cartórios que registram gratuitamente o desejo de doar o corpo.