Tradicionalmente, o período atual é o mais seco do ano. Ocorre que este ano o Paraná vem sofrendo um bloqueio atmosférico que impede a chegada das frentes frias que trazem chuvas. Daí o aumento da estiagem que preocupa os produtores. Se de um lado as colheitas de milho e trigo são beneficiadas com a falta de chuvas, o clima já está prejudicando as pastagens, fundamentais para a estabilidade da produção de carne e leite no Estado.
O Norte é a região mais prejudicada, o que agrava o déficit hídrico em muitas localidades, afirmou o meteorologista Marcelo Brauer, do Serviço de Meteorologia do Paraná (Simepar). Segundo ele, este ano o bloqueio atmosférico está mais intenso que o esperado. Ele descartou qualquer influência das correntes marítimas ''el niño'' e ''la nina'' no clima atual.
Segundo o técnico, as frentes frias vindas do Hemisfério Sul, que causam chuvas durante o inverno, não estão conseguindo passar do Rio Grande do Sul. As poucas frentes que atingem o Paraná, chegam fracas e provocam chuvas esparsas ou então, apenas um tempo nublado sem chuvas. Outras frentes são desviadas para o mar antes de atingir o Estado, disse o meteorologista.
Brawer admite que os invernos não são mais rigorosos como antigamente, mas disse que o Simepar não tem estudos que comprovem a mudança de clima. Ele salientou que nos últimos três anos o clima tem sido ameno no inverno, mas lembrou que em 2000 fez muito frio com ocorrências de geadas rigorosas.
A região norte do Estado é a que mais tem sofrido com a falta de chuvas, disse o meteorologista do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Celio Cesar Giacomini. Segundo ele, o clima quente, seco e as temperaturas altas (comportamento observado principalmente antes das chuvas de quarta-feira) são características que não compatibilizam com a atual estação de inverno.
A incidência de chuvas na região também foi alterada. Segundo Giacomini, o normal será ocorrência de 1,2 mil a 3,5 mil milímetros por ano e está predominando uma variação de 1,4 mil a 1,8 mil milímetros nos últimos anos. Este ano, no mês de julho, choveu apenas 29,5 milímetros um volume bem abaixo da média histórica que seria de 59,1 milímetros.