Paraná

Paraná faz transplante inédito de pâncreas

15 jul 2003 às 21:07

O Brasil deu um passo importante para a cura do diabetes. O Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, Região Metropolitana de Curitiba, realizou nesta terça-feira o primeiro transplante inter-vivos de pâncreas no País. Uma diabética de 49 anos recebeu parte do órgão da filha.

Segundo informações do hospital, até então haviam sido feitos 130 transplantes inter-vivos do pâncreas, sendo todos nos Estados Unidos. O médico João Eduardo Leal Nicoluzzi, responsável pela operação, disse que o sucesso do procedimento abre novas possibilidades para os pacientes com diabetes. ''Sendo o órgão de um parente, as chances de rejeição são bem menores, caindo de 40% no caso de um pâncreas estranho para 5% a 10% de um familiar'', afirmou.


O pâncreas produz uma secreção interna com o hormônio insulina. Os diabéticos têm deficiências nessa função e por isso precisam tomar doses do hormônio. Com um pedaço do pâncreas de um doador, o paciente volta a produzir insulina.


A paciente que recebeu o órgão tem 49 anos e é diabética desde os 17 anos. Ela desenvolveu problemas de visão ocasionados pela diabetes. De acordo com o médico, a operação é muito complexa. O transplante de hoje durou oito horas, mas tanto mãe como filha passam bem.


Desde 2001 o Hospital Angelina Caron realizava transplantes com pâncreas de pessoas mortas. ''Mas a nossa fila aumentou muito. Os doentes chegavam a esperar até dois anos para receber um órgão. Certos pacientes começaram a ficar muito doentes, com sequelas da diabetes, como perda de visão e problemas renais, impedindo de esperar até que apareça um doador'', explicou Nicoluzzi.

Nem todos os diabéticos podem se submeter a um transplante inter-vivos, esclarece o médico. A doença tem que ser do tipo 1, também conhecida como juvenil (desenvolvida enquanto criança ou adolescente, podendo ficar incubada por vários anos). O doador também precisa ter o mesmo sangue e apresentar alta compatibilidade genética, o que é verificado através um exame simples, o HLA, disse o médico. ''No caso da paciente que operamos, ela tinha o HLA idêntico ao da filha, possibilitando o sucesso na operação'', declarou.


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