Pelo menos três mil produtos, entre utensílios domésticos e materiais usados na construção civil, utilizam como matéria-prima o amianto. Mineral altamente tóxico e cancerígeno, o amianto (também conhecido como abesto) já foi proibido em 21 países. No Brasil não existe legislação específica sobre a utilização do mineral, mas alguns estados já começam a dar os primeiros passos para banir a comercialização dos produtos à base de amianto. Não é o caso do Paraná, que ocupa o 6º lugar no ranking dos importadores do mineral e ainda não tem nem mesmo um projeto de lei para substituir ou proibir a utilização da matéria-prima.
O amianto ou abesto é utilizado na indústria de construção (fabricação de telhas, caixa d"águas, elementos isolantes); na indústria têxtil; de materiais plásticos (adesivos, tintas e impermeabilizantes); indústria automobilística (fabricação, montagem e manutenção de sistemas de freios e embreagens) e também na indústria naval, de vidros e de papel. Além de ser altamente prejudicial para os operários que trabalham na extração, o amianto também causa danos na população em geral. Isso porque o mineral é formado por fibras em pequenas partículas que podem ser liberadas mesmo depois do produto finalizado.
A extração das fibras de amianto no País concentra-se no estado de Goiás. São 200 mil toneladas extraídas por ano, o que confere ao Brasil o terceiro lugar mundial na produção de amianto, superado apenas pela Rússia e Canadá. Os principais compradores brasileiros são os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O produto também é exportado para Indonésia, Uruguai, Nigéria, Argentina, Bolívia, Peru, Alemanha e Estados Unidos, segundo dados do Departamento Nacional de Produção Mineral.
Da produção brasileira, 60% é utilizada pelo setor de cimento, 25% é exportada e os 15% restantes são destinados para outros setores industriais, como a indústria têxtil e metalúrgica. O resultado é a disseminação de uma matéria-prima altamente prejudical à saúde em quase todos os setores de produção.
Das doenças atribuídas à inalação das fibras de amianto, estão a fibrose pulmonar, conhecida como asbestose, o câncer de pulmão e o mesotelioma de pleura, que é o enrijecimento da membrana que envolve o pulmão. "São doenças ocupacionais, que podem ser evitadas quando tomados os cuidados necessários", defende o engenheiro Maurício Ribeiro de Andrade, chefe do serviço de geologia e produção mineral do Departamento Nacional de Produção Mineral de Goiás.
A opinião do engenheiro é controversa, já que em maio de 1999 a Comissão das Comunidades Européias decidiu que todas as formas de amianto serão proibidas de serem comercializadas em todos os países membros a partir de 2005. França, Itália, Noruega, Dinamarca, Suécia, Holanda e Reino Unido são alguns dos países que já adotaram a medida.