Paraná

Paraná: 70% dos policiais civis estão com coletes à prova de bala vencidos, afirma sindicato

17 mar 2016 às 15:05

"Estamos falando do prenúncio da precarização da segurança pública". A afirmação contundente é do presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Paraná (Adepol), João Ricardo Noronha, que mostrou-se indignado com uma situação que, segundo o sindicato e os próprios profissionais de área, já se arrasta há vários anos.

No final do mês passado, a Adepol convocou uma assembléia em Curitiba com pelo menos 200 delegados do Estado. Durante o evento, ficou evidente a insatisfação dos oficiais quanto ao vencimento de um material considerado básico para o exercício da função: os coletes balísticos que, segundo a categoria, já passaram do prazo de validade.


"Dos 4.200 policiais que temos hoje no Paraná, pelo menos 3.000 enfrentam esse problema", disse Noronha. Hoje, a pessoa que ingressa na Polícia Civil, principalmente na atuação em campo, com a investigação policial, recebe uma espécie de kit: arma, munição e o colete, que é fabricado para evitar que o profissional seja atingido por disparos de armas de fogo.


Há níveis diferenciados para a proteção, como aqueles que aguentam munições de revólver calibre 38 ou até uma pistola 40. "A questão é que, com o passar do tempo, o colete vai vencendo. Para se mais claro, a fibra que protege o policial vai se abrindo, o que prejudica bastante o trabalho da rua", afirmou o presidente da Adepol.


O impasse também afeta o Sindicato dos Investigadores de Polícia do Paraná (Sipol). O presidente do órgão, Roberto Ramires, foi enfático ao dizer que "se hoje um investigador morrer, a responsabilidade será integralmente do governo estadual". A revolta se dá pelo fato da entidade ter enviado, em maio do ano passado, um ofício comunicando o vencimento de coletes balísticos.


Quase um ano depois, a reivindicação não surtiu efeito. "Vamos reiterar esse pedido. Será que eles não se atentam para a situação que a Polícia Civil vive atualmente no Paraná?", lamentou Ramires. Com isso, as operações especiais contra o crime organizado correm o risco de serem suspensas. Números da Adepol dão conta de que 42 delegados comprometeram-se a não participar desses trabalhos antes que a questão seja resolvida.

"Como eu vou oferecer segurança a um cidadão sem que eu mesmo a tenha?", disse o presidente do Sipol. Em nota, a Secretaria Estadual de Segurança Pública do Paraná (Sesp) informou que "solicitou a destruição de 1.480 coletes, além de uma licitação que está sendo preparada para a aquisição de 880 novos coletes. Com isso, o número de materiais vencidos ficaria em torno de 600."


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