Se depender da disposição das mulheres dos policiais militares, o serviço de segurança do Estado só retornará ao normal depois que o governador concorde em aplicar a gratificação de 38%, prevista em lei de 1990, a todos os integrantes da PM.
Indignadas com o reajuste de 2% oferecido na reunião de quinta-feira, as mulheres dos PMs não arredaram pé - nem mesmo à noite - da frente do Centro de Suprimento e Manutenção (CSM) da Polícia em Curitiba. O Objetivo é impedir a entrada de veículos da polícia para abastecimento e reparos, com exceção das viaturas do Corpo de Bombeiros, Siat e ambulâncias.
O movimento também conseguiu a adesão de policiais da ativa e aposentados. "Viemos para proteger nossas mulheres, que já foram agredidas pela Polícia de Choque", justificou um soldado. A maior dificuldade foi conseguir a adesão dos bombeiros e policias da 2ª Companhia do Batalhão de Trânsito, já que as chefias destes setores resistiam à liberação dos funcionários.
Nos bombeiros, a intenção era retirar apenas os policiais do setor administrativo, e continuar apenas com os atendimentos de emergência e Siat. O tenente coronel João Carlos Pinkner, responsável pela 4ª seção dos bombeiros, entretanto, afirmou que, em caso de adesão, iria aplicar o regulamento existente. "Se infringirem, serão punidos", disse.
Logo cedo, comissões de mulheres partiram em direção aos batalhões de patrulhamento da Capital. Segundo uma das manifestantes, Ester Cardoso de Moraes, nas três maiores unidades, 12º, 13º e 17º batalhões, a adesão é praticamemte total. "Só havia um policial em cada local", disse. Ontem, elas também ampliaram o "arrastão" para batalhões menores. Em todos os locais, pneus de carros e motocicletas da polícia foram esvaziados ou furados. As manifestantes também tiraram rádios de comunicação das viaturas. De acordo com as mulheres, muitos policiais estão indo aos locais de trabalho para evitar punição, mas não estão atendendo chamados.
Ninguém sabia precisar o número exato de policiais e mulheres participantes do movimento. De acordo com o major José Paulo Betes, chefe da Comunicação Social da PM, de 220 viaturas da PM, só 20 estão nas ruas, ou seja, menos de 10%. O trabalho está sendo reforçado por mais 50 veículos da Rone e Batalhão de Choque, que estão trabalhando normalmente.
A maior concentração continua no CSM. Desde a manhã de quinta-feira, duas quadras da avenida Iguaçu, em frente ao centro, e outras duas da rua Rockfeller, que dá acvesso ao local, estão fechadas. No local, 16 viaturas e um ônibus da PM estão largados com os pneus esvaziados ou furados. Segundo o major José Paulo Betes, chefe da Comunicação Social da PM, a polícia já havia encontrado alternativas para garantir o abastecimento de suas viaturas. De manhã, no entanto, um caminhão da Defesa Civil da Casa Militar tentou entrar no CSM alegando que precisava abastecer para atender um acidente com carga química na BR 116. Mesmo assim, as mulheres retiraram a chaves do veículo e esvaziaram os pneus.
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