As punições por conta do manifesto por melhores salários na Polícia Militar do Paraná estão ultrapassando os limites dos quartéis. Esta semana, o juiz Francisco Macedo Junior, do Juizado Especial Cível e Criminal de Curitiba, determinou que duas mulheres de policiais, acusadas de desobediência, pagassem kits de medicamentos, no valor de R$ 60,00 cada um, que serão doados para as crianças com neoplasia, do Hospital de Clínicas.
Rosicler Márcia Bonato e Marilza Ferreira de Oliveira participaram do primeiro protesto, iniciado em 17 de maio, quando um grupo de mulheres fechou a entrada do Centro de Suprimento de Material (CSM) da Polícia Militar. A unidade - que fica na Avenida Iguaçu, no bairro Rebouças - é responsável pelo abastecimento das viaturas da Polícia Militar. Com isso, elas queriam impedir que as viaturas que estavam nas ruas continuassem circulando. "Mas nós nos preocupamos em liberar a entrada de ambulâncias do Siate e as viaturas do Corpo de Bombeiros", lembrou.
Deitadas na frente do portão da unidade, Rosicler e Marilza tentavam impedir a passagem das viaturas. Rosicler relatou que as duas foram retiradas à força pela Tropa de Choque da PM e encaminhadas ao 2º Distrito Policial. Sob a acusação de desobediência, as mulheres passaram a responder processo judicial. "Nós teríamos que passar por mais uma audiência para depois ir a julgamento", afirmou Rosicler. "Por isso, decidimos aceitar a transação penal."
Rosicler disse não considerar justa a pena dada a ela e a sua colega, mas admitiu preferir pagá-la do que ter que enfrentar uma nova audiência. "Já estivemos duas vezes no Tribunal e a cada audiência temos que levar advogado e testemunhas, o que para nós acaba sendo um transtorno."
O presidente da Associação de Defesa dos Militares Ativos, Inativos e Pensionistas (Amai), Elizeu Ferraz Furquim, criticou a determinação do juiz. Para ele, a punição, mesmo que pequena, "é um absurdo". "Estão punindo mulheres que estavam apenas defendendo os direitos da classe", declarou.