O Ministério Público do Paraná vai investigar as responsabilidades pelo tumulto ocorrido no show de rock ''Unidos pela Paz'', no Jockey Clube do Paraná, em Curitiba, que acabou com a morte de três adolescentes e outros 24 feridos, no último sábado.
O MP vai apurar a tragédia em três frentes. A Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor vai investigar a responsabilidade administrativa. A Promotoria de Investigação Criminal (PIC) a responsabilidade criminal. Já a Promotoria de Justiça da Criança e do Adolescente vai apurar se a legislação pertinente foi observada.
O MP já tinha movido uma ação civil pública contra o clube, que em outubro de 2001 permitiu a realização do show de uma dupla sertaneja, sem autorização da prefeitura e demais órgãos competentes. A Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor de Curitiba ajuizou a ação em no dia 25 de outubro de 2001 contra Elcio Lauber Mendes e Luiz Fernando Pimentel Mussi, promotores do show Bruno e Marroni, e contra o Jockey Clube do Paraná.
O processo corre na 10ª Vara Cível de Curitiba e pede a interdição cautelar das dependências destinadas à realização de promoções e eventos do Jockey, bem como a proibição da realização de qualquer evento até decisão final da medida cautelar.
O promotor de Defesa do Consumidor, João Henrique Vilela da Silveira, disse que vai iniciar as investigações assim que receber a documentação solicitada à Prefeitura de Curitiba e à Polícia Militar. Na ação anterior, o MP havia pedido a interdição do Jockey e a proibição da realização de qualquer evento no local, pois segundo o promotor, foi constatada irregularidade para eventos dessa natureza.
''Portanto, desde a data de 25 de outubro de 2001, os responsáveis legais pelo Jockey Clube do Paraná tinham conhecimento das irregularidades existentes'', avaliou Silveira.
A procuradora geral de Justiça, Maria Tereza Uille Gomes, designou quatro promotores lotados na PIC para atuarem junto com a Polícia Civil na investigação da tragédia. Diante da repercussão do caso, a procuradora designou a Polícia Judiciária para ajudar no trabalho de investigação.
Foram designados os promotores Dicesar Augusto Krepsky, Marcelo Bauzer, Paulo Cesar de Lima e Pedro Assinger. Nesta terça eles devem se apresentar ao delegado encarregado do caso, Rinaldo Ivanike. Eles vão querer saber quem são os sócios da empresa que promoveu o show e se a empresa adotou todos os procedimentos necessários para vistoria e proteção do local.
O secretário de Estado da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul e presidente do Jockey Clube, Luiz Mussi, pai de Luiz Fernando Pimentel Mussi, nega que o filho seja sócio de Athayde de Oliveira Neto. A Folha tentou contato com o secretário, seu filho e Elcio Lauber Mendes, para comentarem a ação do Ministério Público de 2001 e os desdobramentos do tumulto de sábado, mas não conseguiu.