Um grupo de aproximadamente 100 motoristas e cobradores de ônibus tentaram, nesta quarta-feira, pela manhã, invadir a Delegacia de Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba. Os manifestantes exigiam a prisão de três pessoas que agrediram violentamente um motorista, uma cobradora e dois passageiros de um ônibus, no último domingo.
Segundo o delegado titular Wallace de Oliveira Brito, Saulo Ribeiro Zaczeski, 18 anos; Everaldo de Assis, 19 anos; e I.J.A, 16 anos, foram autuados em flagrante na última segunda-feira, e, os manifestantes queriam a certeza que a prisão deles não seria relaxada. ''Eles estiveram em frente à delegacia, mas a invasão foi contida pacificamente. Nós explicamos a eles que os agressores já estavam presos, e, que a situação era definitiva'', disse o delegado.
De acordo com Denilson Pires, presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores nas Empresas de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Sidney Rogério, diretor do Sindimoc e cobrador da Autoviação Tamandaré, estava passando pelo local no momento da agressão. Ele teria tentado intervir e acabou sendo agredido. ''Os agressores utilizaram marretas para bater no motorista, Celestino Martin Leite'', contou o delegado. Telma Regina Cunha, a cobradora, e Vlademir Alves de Lima, um passageiro, também receberam pancadas.
O Siate e a Polícia Militar estiveram no local e encaminharam o motorista ao Hospital Cajuru, em Curitiba. Segundo Pires, o estado de saúde Celestino Leite era precário devido à violência empregada. A Folha tentou contato com o Hospital Cajuru mas não obteve resposta. O delegado disse que o trio já tem vários antecedentes, dentre os quais suspeitas de homicídios, e, confirmou a instauração do inquérito, que deve investigar os outros crimes já cometidos pelos agressores.
O presidente do sindicato está revoltado com a situação, que, segundo ele, tem aumentado mais a cada dia. ''Há duas semanas, aproximadamente, foi iniciado um trabalho de acompanhamento nas prisões da Capital e região metropolitana, para descobrir porque muitos detentos são liberados tão cedo. Essa é a revolta dos trabalhadores da classe.'' Denilson acredita que a implantação definitiva do cartão, que eliminaria o vale transporte, reduziria muito o número de assaltos e de agressões contra a classe. ''Como o cartão é pessoal não há possibilidade de comercialização'', disse.