Moradores do bairro Sítio Cercado, em Curitiba, fazem uma rifa para ajudar a realizar reparos em viaturas da Polícia Militar que estão paradas e não operam na segurança da região. O bairro é o segundo mais violento da capital e teve, segundo estatística divulgada pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp), 51 assassinatos em 2013.
A rifa é organizada pelo Conselho de Segurança (Conseg) do Sítio Cercado. O presidente do órgão, Elídio Aparecido de Oliveira, diz que a situação não é novidade. O objetivo da rifa não é apenas para o reparo das viaturas, segundo o presidente do Conseg. "Vamos separar alguns valores para algumas viaturas que tem menos avarias", explica.
Oliveira reclama que, além de muitas viaturas estarem paradas no estacionamento do batalhão, o conserto feito pelo governo nas novas viaturas é um processo demorado, que leva de 30 a 40 dias. "Quando terminar o conserto, vamos cobrar o dinheiro do governo, porque não tem como a população pagar por carro do governo", afirma. Oliveira ainda reclama que a Unidade Paraná Seguro (UPS) do bairro daria pouco atendimento à população.
Problema recorrente
O coronel da PM Elizeu Furquim, presidente da Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares Ativos, Inativos e Pensionistas (Amai), diz que, rotineiramente, os meses de janeiro e fevereiro são períodos em que o estado passa certo aperto nas contas por causa de questões burocráticas na liberação de verba e de pagamentos. Porém, neste ano de 2014, as restrições orçamentárias foram maiores, o que prejudicou serviços dentro da Polícia Militar.
"Este ano não houve dinheiro para gasolina, manutenção de viaturas, alimentação, ração para cães". O problema seria recorrente não só em Curitiba, mas em todo o estado. Segundo o coronel, em março a situação deveria estar normalizada, mas não houve qualquer sinalização do governo para dar mais estrutura à corporação.
A Polícia Militar, por meio de assessoria, informou que o bairro Sítio Cercado tem viaturas para atender à população, assim como a UPS está em operação normal, com 30 policiais. A Sesp disse, em nota, que "a verba necessária para o conserto de viaturas já foi liberada e os pagamentos referentes ao serviço estão em dia". A PM disse, entretanto, que a manutenção das viaturas demanda tempo para que todas estejam regularizadas.
A assessoria do Palácio Iguaçu informou, sobre os problemas no orçamento dos dois primeiros meses do ano, que, legalmente, o período de execução orçamentária pode ultrapassar o exercício de cada ano, conforme previsão do governo do Estado.