Paraná

Médico seqüestrador é acusado de receitar remédios indevidamente

07 fev 2001 às 11:47

O médico Décio Basso é acusado de elevar o custo do tratamento de seus pacientes ao receitar medicamentos de eficácia duvidosa. Ele responde a processo ético no Conselho Regional de Medicina (CRM) desde o segundo semestre do ano passado. Basso deveria ser convocado esta semana para ser interrogado, mas sua prisão deve adiar o depoimento.

De acordo com o presidente do CRM no Paraná, Luiz Salim Emed, o médico foi denunciado por infringir os artigos 9º e 65º do Código de Ética Médica. Os artigos proíbem o profissional de exercer a medicina como atividade comercial e se aproveitar do estado de saúde do paciente para obter vantagens financeira, física, emocional ou política.


Emed explica que Basso receitava exames para checar se o organismo do paciente apresentava a ausência de minerais que pudessem comprometer sua saúde. Se o resultado acusava a ausência de substâncias, como ferro ou cálcio, por exemplo, o médico sugeria um tratamento à base de medicamentos. "Muitos desses exames não têm comprovação científica. Ele se utilizava dessa consulta para obter lucros indevidos", relatou o presidente do CRM.


O comportamento de Basso no processo ético não é dos mais exemplares, segundo Emed. "A dificuldade enfrentada é que ele sempre usou estratégias para retardar o processo", afirmou, referindo-se às seguidas transferências de datas feitas por Basso para não depor nos dias marcados.


Antes de chegar a Curitiba, o processo contra Basso foi instaurado na delegacia do conselho em Maringá. O responsável pela sindicância era o médico Kemel Chamas, pai da garota sequestrada. Emed disse que as denúncias levantadas por Chamas convenceram os integrantes do conselho a instaurar um processo ético contra o médico. A punição vai desde uma advertência até a cassação do registro profissional.

Para o presidente do CRM, o sequestro da filha de Chamas pode ter sido planejado em represália a abertura da sindicância. "Parece que é essa relação que está existindo, de criar algum constrangimento, de ameaçar", afirmou. O caso deixou Emed preocupado com a imagem da categoria. "Uma única atitude repercute sobre toda a classe." Ele comentou que o sequestro "foi uma atitude covarde, mas qualquer adjetivo seria pequeno para qualificar o ato." Emed acha que Basso não pode ser considerado "um médico". "Quem faz isso não tem nenhum perfil de profissional da saúde."


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