O governador Jaime Lerner (PFL) não pretende ceder, pelo menos por enquanto, aos apelos dos professores e servidores de universidades estaduais, que estão em greve há 125 dias e querem a fixação de um ínidce de reajuste salarial. É o que o governador demonstrou na entrevista dada ontem, à Rádio CBN de Curitiba, no seu retorno da viagem à Rússia. ‘Não há greve que faça surgir o recurso. Greve não imprime dinheiro’, afirmou.
Lerner disse ainda que não pretende correr o risco de ter um aumento salarial anulado por infringir a legislação. O governador alega que não pode dar aumento salarial por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal, editada pelo governo federal.
As declarações de Lerner vêm um dia depois de os professores das universidades estaduais fazerem um protesto pelo centro de Curitiba acusando o governo do Estado de descaso com a categoria. ‘Os professores das universidades são bem remunerados, recebem em média R$ 3,8 mil. Sou professor universitário licenciado (da Universidade Federal do Paraná) e sei quanto eu recebia. Sei das vantagem que eles têm por serem professores estaduais.’
O governador disse que a greve dos professores tem uma orientação política. ‘O ano é eleitoral. Por que não vão fazer isso no Rio Grande onde não há universidade estadual?’, questionou indignado.
Lerner acusou o comando de greve de irresponsável e de fazer a população de refém. ‘Eles têm obrigação de atender’, declarou, referindo-se ao Hospital Universitário de Londrina, também parado com a greve que já dura 125 dias. ‘O governo não tem culpa desta greve. Não vou admitir que me culpem’, afirmou ele.
Lerner disse que a sua preocupação é com o quadro geral dos servidores públicos. No decorrer da entrevista, o governador deu a entender que a culpa pela crise financeira nas universidades é dos próprios comandos universitários que teriam criado cargos em comissão que não podem suportar. Lerner classificou ainda de ‘caixa-preta’ o orçamento das universidades estaduais. Disse que o governo continua repassando os recursos para as instituições e que nos últimos anos as verbas foram quadriplicadas.
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