Paraná

Justiça decreta intervenção "branca" na CNT

21 jun 2001 às 09:45

Uma dívida de R$ 12 milhões com a Símbolo Administração e Participações fez o juiz da 1ª Vara Cível de Curitiba, Renato Braga Bettega, nomear um administrador para acompanhar a movimentação financeira da rede de televisão CNT, com sede na Capital paranaense. Na prática, a nomeação representa uma "intervenção branca" na rede de tevê, que pertence ao presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), deputado federal José Carlos Martinez. O deputado nega a intervenção e garante que está afastado da direção da emissora.

Em seu despacho no dia 7 de maio, o juiz declarou que "várias diligências" foram iniciadas "no sentido de encontrar bens que pudessem garantir o pagamento da dívida". No mesmo despacho, Renato Bettega afirmou ainda que todas as diligências não tiveram êxito, e que os proprietários da emissora ficaram em silêncio e não indicaram bens passíveis de penhora. "Nessas condições, o comportamento dos executados no processo conduz o juízo a formar convicção que não estão dispostos a colaborar com a Justiça", concluiu o juiz.


Para viabilizar o pagamento da dívida da CNT com a Símbolo, o juiz nomeou o advogado Cícero Braz Portugal como "interventor" e ele deverá acompanhar toda a movimentação financeira da rede até obter a importância devida à empresa que pertence a Ramires Pozza. "A dívida com a empresa está sendo questionada na Justiça pela emissora, mas o pagamento de parte dela já foi determinado", disse o advogado. Ele se refere a duas parcelas de R$ 1,1 milhão destinado ao pagamento da primeira execução e a R$ 1,3 milhão que deverá ser depositado para fins de penhora.


A sentença do juiz Renato Braga Bettega também determina que a arrecadação dos valores devidos à Símbolo seja limitado a 10% do faturamento mensal líquido da CNT. Por causa desta limitação o advogado Cícero Portugal estima que seu trabalho dentro da emissora de tevê se estenda por tempo indefinido. "Pelo quadro financeiro que se apresenta hoje, acredito que devo ficar pelo menos durante dois anos acompanhando a movimentação financeira da CNT", ressaltou Portugal.


Segundo ele, o faturamento mensal da rede é de aproximadamente R$ 1,2 milhão. Deste total, cerca de R$ 100 mil estão sendo retidos para o pagamento da dívida com a Símbolo. O advogado disse desconhecer a possibilidade de decretação de falência da rede paranaense devido às dificuldades financeiras, mas afirma que a situação financeira da empresa é complicada.


Oscar Martinez, fundador da rede, nega a possibilidade de falência da emissora e atribui os boatos a interesses políticos de grupos que querem prejudicar o filho, José Carlos Martinez. O patriarca da família Martinez, que "ajuda a administrar a emissora", garante que a decisão judicial em favor da Símbolo, será cumprida à risca.


O irmão de José Carlos Martinez, Flávio Martinez, atual diretor-geral da emissora, também descarta a possibilidade de falência da rede e diz que não há intervenção na CNT. "Há uma decisão judicial de determina o pagamento de dívidas e estamos cumprindo a sentença, mas vamos recorrer a instâncias superiores", disse Flávio Martinez. "As pessoas têm interesses em nos prejudicar, mas estamos procurando tocar nossa vida com seriedade."

Segundo ele, a empresa está cumprindo com todas as decisões da Justiça e nega que a emissora enfrente problemas também na esfera trabalhista. "Temos algumas ações de ex-funcionários, mas isso é normal para quem já teve mais de 1.000 empregados.


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