O comerciante Paulo Mandelli obteve autorização da Justiça para retirar estoques de auto-peças guardadas em três galpões no bairro Prado Velho, em Curitiba. Os lotes foram levados na manhã de ontem para um armazém de Mandelli no bairro Guabirotuba, na preferia da Capaital.
A decisão judicial não permite que o comerciante volte a vender a mercadoria, que está embargada. As peças fazem parte de processos criminais abertos contra ele. Mandelli foi denunciado na CPI Nacional do Narcotráfico como o chefe de uma rede de desmanches de veículos furtados no Estado. Ele nega as acusações.
Toda a transferência das peças foi acompanhada na manhã de ontem por oficiais de Justiça da Central de Inquéritos e soldados da Polícia Militar. A polícia vinha mantendo guarda em frente as lojas de Mandelli desde que surgiram as denúncias na CPI há oito meses.
De acordo com a oficial de Justiça, Elizete Ferreira, os galpões foram entregues porque os custos de aluguel estavam ficando muito altos para Mandelli. O comerciante preferiu guardar as peças em um imóvel de sua propriedade. Apesar da remoção, a PM deve continuar a exercer a fiscalização para impedir que os objetos sejam retirados do local.
Há dois meses, a Promotoria de Investigações Criminais (PIC) já denunciou o comerciante à Justiça no caso de uma pistola de uso exclusivo das Forças Armadas. Em 1995, a arma foi apreendida pelo delegado Mário Ramos, que nomeou o próprio Mandelli como fiel depositário. Ramos também foi denunciado pelos promotores. Mais tarde a arma apareceu em nome do deputado Aníbal Khury, mas até hoje ninguém sabe onde a pistola foi parar.
No dia 16 deste mês, a Justiça negou pedido da PIC que defendia a prisão preventiva de Mandelli. O juiz Márcio José Tokars, da Central de Inquéritos, entendeu que os promotores não haviam apresentado elementos suficientes para justificar a prisão do comerciante.