A 1ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu determinou a apreensão da edição do jornal "Tribuna Popular", de linha oposicionista ao prefeito Sâmis da Silva (PMDB). O despacho judicial ordenou o recolhimento do periódico sob justificativa da falta do nome e endereço da gráfica onde o semanal foi impresso, além de ocultamento de sua data de impressão. A divulgação dessas informações é obrigatória no expediente conforme rege a Lei de Imprensa, aponta o juiz Haroldo Demarchi Mendes.
Os 1,5 mil exemplares da sexta edição do jornal foram recolhidos nesta segunda-feira por oficiais de Justiça ainda na gráfica Editora Block Ltda., no Jardim Cláudia (região leste). A manchete do jornal acusava a Prefeitura de Foz do Iguaçu de gastar o dobro com o serviço de limpeza urbana em relação aos gastos do Executivo de Cascavel (os dois municípios têm porte populacional semelhante). As edições anteriores também divulgaram denúncias contra a administração municipal.
A apreensão atende solicitação do Ministério Público, que recebeu denúncia apontando a falha no expediente. O pedido foi protocolado pelo funcionário público estadual Lourenço Gonçalves Moura, de 48 anos, filiado ao PMDB no dia 31 de agosto de 2001. O partido é o mesmo do prefeito. Contratado pelo Instituto de Ação Social do Paraná (IASP), Moura estava cedido ao Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Infrator (Ciaadi), em Foz, mas recentemente pediu transferência para Assembléia Legislativa. A mudança ainda não foi efetuada.
O editor da "Tribuna Popular", Aluízio Palmar, acusa a prefeitura de Foz de articular o pedido de apreensão com objetivo de censurar o jornal. Depois de se comprometer a reparar o erro, ele conseguiu uma despacho favorável do promotor Sydnei Mainardes Júnior, autorizando a soltura dos exemplares apreendidos, desde que a página onde consta o expediente seja reimpressa apontando as informações exigidas por lei. O jornalista disse que a alteração será feita nesta terça.
Já Gonçalves Moura, procurado pela Folha, disse não ter vínculo com a prefeitura. O educador social e motorista também afirmou que prefere comentar o assunto somente através do seu advogado, Oswaldo Loureiro de Mello Júnior. O representante da defesa disse ter encaminhado a ação porque constatou que o jornal "é clandestino". E acrescentou: "Eu não perguntei porque ele fez o pedido".
O Departamento de Comunicação e Imprensa da prefeitura de Foz garantiu que o Executivo não tem envolvimento com o pedido de busca e apreensão do periódico. Lembrou ainda que a apreensão foi solicitada por um promotor público e determinada pela Justiça, portanto respaldada legalmente.