O Movimento dos Sem-Terra (MST) e outras 27 entidades ligadas ao campo decidiram nesta sexta-feira, no final do segundo encontro da Jornada de Agroecologia, ocupar toda área em que for comprovado o uso de sementes transgênicas.
No mesmo dia, cerca de 1,5 mil pessoas invadiram a fazenda Monsanto, empresa que detém a tecnologia dos transgênicos, em Ponta Grossa, e atearam fogo em 4,5 hectares de milho geneticamente modificado.
A Polícia Militar de Ponta Grossa só chegou à fazenda da Monsanto após a invasão. Os policiais anotaram o número das placas dos cerca de 30 ônibus que levaram os manifestantes até o local para basear uma investigação sobre o caso. A Monsanto informou que ainda está avaliando as medidas que pretende tomar contra a invasão.
As entidades pretendem fazer invasões para que o governo federal proíba, de forma definitiva, o plantio de sementes geneticamente modificadas. ''Todas as áreas que usarem transgênicos serão ocupadas'', avisou Roberto Baggio, membro da direção estadual do MST. Segundo ele, o grupo vai exigir que o governo federal exproprie as fazendas que utilizarem transgênicos. ''Queremos também informar a população sobre os riscos de consumo desses alimentos'', afirmou Baggio.
As entidades participantes da Jornada querem aumentar os debates sobre as sementes geneticamente modificadas e convencer o governo a proibir o cultivo dessas espécies. ''Não temos garantia de que essa soja não faça mal à saúde'', afirmou o coordenador estadual da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Dionísio Vandresen.
Outro ponto criticado pelos manifestantes é a necessidade de usar agrotóxicos nas plantações transgênicas. ''Isso prejudica muito o meio ambiente e toda a população, por causa da contaminação das águas com os produtos tóxicos'', explicou Vandresen. A advogada do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Marilena Lazarini, participou da Jornada de Agroecologia. O Idec se opõe à liberação dos transgênicos no Brasil sem o debate com a sociedade.