Paraná

Índios Xetá terão reserva

07 dez 2000 às 11:57

Após anos de um processo de dizimação, os últimos remanescentes da nação xetá acreditam que agora vão conseguir reerguer sua cultura. Ontem, um convênio firmando entre a Fundação Nacional dos Índios (Funai) e o governo do Estado vai permitir a demarcação de terras para os últimos oito membros puros dessa etnia. "É como se a gente nascesse de novo", disse o índio xetá Tucanambá José Paraná, que hoje vive na Reserva Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras (Oeste do Estado). Durante os anos 50 e 60, cerca de 400 xetá foram dizimados pelo processo de colonização no Paraná.

Pelo convênio, será criado um grupo de trabalho que vai percorrer regiões no Paraná, onde poderá ser criado uma reserva para os xetás. Essa pesquisa fundiária deve durar em torno de 90 dias e vai se basear em sugestões dos índios e seus 50 descendentes - filhos e netos de xetás com outros índios ou brancos.


O presidente da Funai, Glênio da Costa Alvarez, explicou que o foco principal da pesquisa será a região onde viveu a tribo xetá. Até a década de 50, eles estavam na Serra dos Dourados, noroeste do Estado, quando foram aculturados ou expulsos de seus territórios. Alvarez disse que o trabalho de procura de um terreno é parte de um processo de resgatar a cultura xetá. "A terra é a vida do índio, sem ela não existe identidade", afirmou Edívio Bastitelli, assessor estadual de Assuntos Indígenas.


Para regularizar este terreno, os xetás terão ainda que esperar a agilidade da Funai para desapropriar o local. "Acredito que uma reserva xetá será formada no próximo ano", afirmou o presidente da Funai.


A coordenadora do processo de demarcação da área xetá, professora Carmem Lúcia da Silva, da Universidade Federal do Paraná, informou que os 58 xetás e seus descedentes terão que viver juntos, para que aos poucos consigam recuperar a cultura da tribo. Apenas quatro dos xetás - Tucanambá, Kuein, Ã Rosa e Tikuein do Mã -, ainda guardam na memória a cultura deles. "Mas juntos vamos conseguir lembrar nossa língua e nossa forma de viver", garantiu Tucanambá.

De acordo com Tiquen Xetá, que é policial militar, há interesse de todos em saber os costumes de seus antepassados. Com educação de branco e também casado com mulher branca, Tiquen quer que seus filhos tenham contato com a tradição de sua tribo.


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