Depois de 18 anos trabalhando como professor na aldeia caingangue de Mangueirinha (no Sudoeste do Estado), a qual pertence, o índio paranaense Sauri Pafej Manoel Antonio, foi nomeado na última quarta-feira pelo ministro de Educação, Paulo Renato, coordenador de Educação Indígena do Sul do Brasil. Ele vai administrar os projetos educacionais desenvolvidos para mais de 32 mil caingangues de mais de 17 tribos existentes na Região Sul.
Pafej, que é o único índio brasileiro que concluiu a Faculdade de Filosofia e pós-graduação em História da Educação, disse em Curitiba que sua principal meta é percorrer as aldeias repassando os conhecimentos que adquiriu. "Vou estimular o ensino do macruchê (idioma dos caingangues) nas escolas indígenas. Não podemos perder as nossas tradições e costumes. Ensinando o macruchê, estaremos fortelecendo as nossas raízes. O índio precisa se orgulhar de sua raça", disse.
O segundo passo, completou, será o ensinamento do idioma português nas escolas. "Só assim, o caingangue poderá se comunicar com pessoas de outras raças e, como eu, ter acesso a uma universidade, pois também tem competência para isso", afirmou.
Disse que, por ser índio, foi muito discriminado. "Mas consegui vencer e quero que outros índios também superem as barreiras do preconceito", desabafou. Pafej é o diretor da escola indígena na tribo de Mangueirinha. "Além disso, leciono por 40 horas semanais", contou. Ele recebe três salários-mínimos por mês.
"Como coordenador não vou ganhar nada. Apenas as passagens, estadias e alimentação serão financiadas pelo governo. Mesmo assim, estou feliz porque amo meu povo e neste cargo vou poder lutar por uma educação de qualidade para os índios", ressaltou. Só no Paraná vivem mais de 10 mil caingangues.