O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) constatou recentemente um desmatamento ilegal de araucária na segunda maior área com concentração da espécie no Estado.
O corte da madeira ocorreu na fazenda Imóvel Capão Redondo, no município de Candói (76 quilômetros a oeste de Guarapuava), onde foram derrubadas 224 araucárias de grande porte, sem autorização. A área total da fazenda é de 840,9 hectares.
A propriedade obteve autorização para derrubada de 300 metros cúbicos de madeira, mas o chefe do escritório regional do IAP, em Guarapuava, Jairo Macedo, disse que os fiscais constataram a retirada de 6 mil metros cúbicos.
No local, o IAP apreendeu 50 metros cúbicos de madeira que estavam ilegais. Os proprietários Sonia Regina Virmond Galberin e Aldoino Coldoni Filho foram autuados e vão ser multados em R$ 306.116,25. A Madeireira Bebihbinha, que serrou a madeira, também foi multada.
De acordo com Macedo, há cerca de dois meses quando assumiu o escritório do IAP em Guarapuava, recebeu a denúncia que estava havendo uma grande devastação de araucária na fazenda. Comunicou o fato à Polícia Florestal, que organizou uma blitz no local.
Macedo acredita que a informação sobre a fiscalização ''vazou'', porque os policiais encontraram ''montanhas de terras'' que impediam os acessos de veículos à fazenda. Eles entraram a pé.
Macedo diz que o corte ilegal de araucária não representa apenas um crime ambiental, mas também um crime de sonegação de impostos. Por isso, o IAP está convocando uma reunião com as receitas Federal e Estadual e outros órgãos representantes do governo, que é o maior prejudicado.
Segundo Macedo, as árvores foram cortadas e a madeira retirada e vendida sem que o Estado apurasse um só tostão de imposto.
O presidente do IAP, Rasca Rodrigues, lamenta que o órgão não tenha detectado essa devastação antes. Ele diz que encontrou a estrutura dos escritórios regionais ''tão viciada que a população se desestimulou a fazer denúncias''.
Hoje só o escritório de Guarapuava recebe entre 15 a 20 denúncias diárias de desmatamentos. Rodrigues defende a mudança da legislação ambiental para penalizar criminalmente os proprietários que devastam suas áreas.
Da forma como está, o proprietário paga uma multa de R$ 300,00 por árvore derrubada e ainda pode abater 90% da multa ao se comprometer a plantar mil mudas. Ocorre que uma araucária com 21 metros cúbicos é vendida por R$ 5 mil. ''A legislação estimula o crime ambiental'', disse Rodriges. ''Eles pagam a multa, embolsam o lucro e ficam felizes da vida.''