Paraná

Hantavírus: más condições de habitação facilitam avanço da doença

15 nov 2000 às 11:52

As más condições de habitação e higiene nos acampamentos dos trabalhadores rurais que atuam nas áreas de reflorestamento de pinus nas regiões de General Carneiro (274 quilômetros ao sul de Curitiba), Bituruna e Cruz Machado e o manuseio de rações e milhos contaminados são apontados, pelos técnicos de saúde que avaliam o local, como os maiores causadores da hantavirose, doença causada por uma espécie de roedor e que contaminou 14 pessoas e provocou a morte de seis desde o ano passado.

Para evitar a propagação da doença, a Secretaria Municipal da Saúde de General Carneiro determinou que as empresas se enquadrem em normas técnicas de higiene sob a ameaça de interditar as obras. "Explicamos para os proprietários dessas empresas que somente uma ação rápida pode interromper esse processo", disse o secretário Mauro Driessen da Rocha.


Segundo a sanitarista Elizabeth David dos Santos, do (Cinepi) Centro Nacional de Epidemiologia, o quadro na região é crítico. "Percebemos a necessidade de mudanças com o esclarecimento da população", disse. Além dela participam desse grupo o sanitarista norte-americano Douglas Hatch, do Centro de Prevenção e Controle de Epidemias, com sede em Atlanta (EUA) e representantes da regional de saúde.


Uma das áreas visitada por eles foi o Salto Lili, onde ocorreu a maioria das contaminações e mortes (sete casos e três óbitos). A área pertence à Madeireira Miguel Forte, com sede em União da Vitória, que emprega em média 60 peões para o corte de uma área de aproximadamente três mil hectares. A assessoria da empresa informou que a partir de hoje serão realizadas obras de habitação para acomodar os trabalhadores.

A madeireira mudou a filosofia depois das denúncias que chegaram à secretaria municipal sobre as más condições de trabalho. Por falta de lugar para guardar a comida e de colchões para dormir, os trabalhadores se alimentavam de comidas contaminadas e dividiam as barracas com os ratos, afastados do seu habitat por causa do corte do pinus. "A falta de alimentos os faziam ir até as barracas onde haviam restos de comida", disse Rocha. No final de novembro a equipe de analistas encaminha ao Governo do estado um relatório preliminar.


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