Vai demorar um mês para que a Secretaria Estadual de Saúde saiba que tipo de rato silvestre vem transmitindo a hantavirose no município de General Carneiro, Sul do Paraná. Este é o tempo que demora para que os pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, concluam os exames feitos nos roedores que estão sendo capturados na região.
Até ontem, quatro espécies de ratos silvestres tinham sido capturados nas armadilhas colocadas nas áreas de reflorestamento de General Carneiro. Enquanto esperam os resultados, os profissionais da Saúde do Estado vão estender as medidas preventivas para outras áreas de reflorestamento situadas no Sul do Estado. E, somente em 2001, vão poder agir de maneira pontual sobre o rato portador do vírus.
De acordo com pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, 54 roedores tinham sido capturados até a manhã de ontem. Entre os ratos silvestres coletados, predonimava a espécie Oligoryzomy nigrips. Esse tipo de rato é o mesmo encontrado no interior de São Paulo, onde também foram registrados casos da doença. "No entanto, não se pode dizer que essa espécie seja a responsável pelo contágio", afirmou o pesquisador Renato de Souza, do Adolfo Lutz.
O pesquisador disse que por enquanto estão sendo coletadas as vísceras de todas as espécies encontradas. A coleta dos roedores está sendo feito por meio de 320 armadilhas. Depois os animais são levados a um laboratório improvisado, instalado em uma casa na localidade de Rio Farias, em General Carneiro. As vísceras estão sendo congeladas a menos 196 graus, para depois serem estudadas em São Paulo. A meta é conseguir capturar no mínimo 80 espécies em cada região onde foram registrados casos de hantavirose. "Se possível, as pesquisas podem ser deslocadas para Bituruna e Guarapuava", complementou Renato de Souza. Nos dois municípios, também foram registrados casos da doença.
Por enquanto, a única certeza dos pesquisadores é quanto a variedade do vírus de hantavírus encontrado no Estado. Nos exames sorológicos, feitos com as 12 pessoas atingidas, foi encontrado a sepa "sin nombre", que está classificada entre as menos agressivas ao homem.
Prevenção
Para evitar novos casos, o governo do Estado vem trabalhando com duas ações pontuais - orientação dos trabalhadores e moradores em áreas de reflorestamento e treinamento de profissionais. O diretor do Centro de Saúde Ambiental do Paraná, Isaías Cantoia Luiz informou que o trabalho de orientação nas áreas de reflorestamento consiste em mudança dos hábitos dos trabalhadores.
As casas estão sendo erguidas e os trabalhadores têm melhorado as condições de higiene, evitando que os animais se aproximem das comidas e de barracos onde dormem. "A gente tem erguido e tentando evitar que os bichos fiquem junto da gente", afirmou o lenhador José Natalício. No entanto, ele não acredita que o rato é o transmissor da doença. "Será que é ele mesmo?", perguntou o lenhador João Leandro, que tem a mesma dúvida que o colega.