O secretário de Estado da Ciência e Tecnologia, Aldair Rizzi, disse nesta segunda que está trabalhando num projeto de reestruturação das 11 faculdades públicas que compõem atualmente a Universidade Estadual do Paraná (Unespar).
Essas instituições seriam incorporadas às universidades estaduais já existentes que estiverem mais próximas geograficamente. A proposta foi muito criticada pelas direções das faculdades públicas ligadas à Unespar.
Pelo projeto, a Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana (Fecea) seria incorporada a Universidade Estadual de Londrina (UEL); a Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (Fecilcam) e a Faculdade Estadual de Paranavaí (Facipa) seriam anexadas à Universidade Estadual de Maringá (UEM); a Faculdade Estadual de União da Vitória e a Faculdade Estadual de Paranaguá seriam incorporadas na estrutura da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). A Faculdade de Artes do Paraná (FAP) e a Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap) - ambas com sede em Curitiba - serão transformadas numa única faculdade que poderá ser campus da UEPG ou da Universidade Federal do Paraná (UFPR). ''Ainda estamos em negociação'', afirmou Rizzi.
A Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior Públicas (Apiesp) rechaçou o projeto de incorporação, durante reunião realizada no último dia 21 de maio. Além da perda de autonomia e da identidade regional já consolidadas, as faculdades temem serem transformadas em centros de extensão.
O reitor da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em Guarapuava, e presidente da Apiesp, Carlos Alberto Gomes, encaminha nesta terça ao secretário estadual de Ciências, Tecnologia e Ensino Superior, Aldair Rizzi, o documento com o posicionamento de cada uma das instituições.
''Queremos discutir antes o projeto para termos uma posição mais clara. Ainda falta informação sobre como será essa encampação'', resumiu. Informalmente, o secretário já conhece as ''resistências e receios'' das faculdades isoladas.
O diretor da Fecea, Wanderlei Ceranto, afirmou que a comunidade é totalmente contrária ao projeto do Governo. Ele disse que o secretário esteve em Apucarana discutindo o proposta mas não a apresentou integralmente. ''Estamos em compasso de espera. Nos bastidores dizem que não há perda de autonomia, mas como não conhecemos o projeto, não sabemos o que pode acontecer'', comentou o diretor, que comanda a instituição com 42 anos de história, 2.376 alunos matriculados e um gasto anual de R$ 2 milhões anual, apenas com a folha de pagamento.
O mesmo entendimento teve os diretores da Fecilcam, Rubens Luis Sartori, e da Facipa, Luzia Bana. Para Sartori, a proposta compromete a identidade regional dessas faculdades, pois as jogaria numa ''vala comum'', onde os conselhos das universidades decidiriam as políticas a serem desenvolvidas.
A Fecilcam tem 31 anos e um orçamento de anual de R$ 4 milhões. ''(O projeto) tem que ser discutido com a comunidade. Não concordamos em ser apenas extensão'', apontou Bana, diretora da instituição com 37 anos de existência.