A folha de pagamento do funcionalismo estadual, que está sendo rodada neste final de semana, já traz o desconto nos salários dos professores da rede estadual de ensino que aderiram à operação-tartaruga iniciada na última quarta-feira, dia 19. De acordo com o diretor do Paraná Educação, Cláudio Bomfati, como já havia o indicativo de paralisação parcial, o governo decidiu segurar o lançamento da folha, que normalmente acontece entre os 8 e 10 de cada mês, para calcular as faltas.
Segundo Bomfati, mesmo que a paralisação, até agora, esteja sendo feita de forma parcial, com redução das aulas de 50 para 30 minutos, ele avisa que o desconto será integral.
Bomfati explica que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação estabelece que as escolas devem cumprir, no ano, um total de 200 dias letivos e 800 horas de aula. Portanto, na análise do diretor, o fato do professor manter as aulas de menor duração não atendem à legislação. "É o mesmo que eu pagar uma passagem para ir até São Paulo, mas me deixarem na metade do caminho", comparou."Não tem sentido ficar contando os minutos trabalhados e nem temos rotinas nos nossos computadores para fazer esse cálculo", complementou.
A APP-Sindicato acusa a Secreataria de Estado da Educação de estar ameaçando os professores com cortes nos salários e de punir os diretores das escolas que estão aderindo ao movimento. "Ao invés de propostas, eles nos fazem ameaças", declarou o secretário de organização da entidade, Luiz Carlos Paixão. Segundo ele, a Secretaria teria distribuído um documento a todas as escolas com o cálculo que será feito para o desconto proporcional das horas paradas. Bomfati nega a existência desse documento.
O diretor do Paraná Educação rebate a acusação da APP-Sindicato, alegando que o que existe é uma "conscientização" de que eles terão o dia descontado. "Não existe ameaça nenhuma", enfatizou.
Pela estimativa da APP-Sindicato, nesta sexta-feira, a operação tartaruga havia obtido maior adesão, principalmente na região Oeste do Estado, onde escolas de Marialva e Palotina teriam decidido pela paralisação parcial. Segundo Paixão, na região de Assis Chateaubriand 80% dos professores reduziram as aulas.
A informação não bate com a repassada pela Secretaria de Educação, que estimou uma adesão média de 10 a 20% em apenas cinco dos 31 núcleos regionais - Francisco Beltrão, Londrina, Maringá, Cascavel e União da Vitória.
Universidades estaduais - a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior informou que o reitores das universidades estaduais de Londrina, do Oeste do Paraná e de Maringá apresentaram ao secretário Ramiro Wahrhaftig uma solicitação para iniciar as negociações sobre a pauta de reivindicações dos professores e funcionários que aderiram à paralisação.
Wahraftig decidiu receber, na próxima semana, dois representantes de cada instituição, mas já adiantou que não há possibilidade de discutir qualquer reajuste salarial. Avisou, ainda, que os grevistas terão os dias descontados.