O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR), prendeu em flagrante, na manhã desta quarta-feira (3), dois delegados e um investigador da Polícia Civil do Estado por porte de armas sem registro. Eles e mais oito pessoas - outros sete investigadores e mais um delegado - são suspeitos de acobertar investigações contra lojas que recebiam peças de veículos roubados.
Foram detidos o delegado Gerson Machado, do 6° Distrito Policial (DP) de Curitiba - e que até setembro de 2012 era delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) -, Luiz Carlos de Oliveira, da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio Público (DCCP) e o investigador Aleardo Riguetto, também do 6º DP. Com Oliveira, foram apreendidos ainda US$ 98 mil (cerca de R$ 197 mil) e munição de uso restrito.
A ação faz parte da Operação Vortex, que há oito meses investiga denúncias de corrupção em setores da área de Segurança Pública do Estado, além de ilegalidades relacionadas a desmanche de veículos. No total, foram cumpridos hoje 18 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Vara de Inquéritos Policias (VIP) de Curitiba. Os promotores também abordaram casas de policiais, comerciantes de ferro-velho e funcionários de estabelecimentos de revenda de autopeças.
De acordo com o coordenador estadual do Gaeco, o procurador de Justiça Leonir Batisti, há suspeita de que crimes não eram investigados pelos policiais em troca do pagamento de propina. Ele afirmou que outros mandados de prisão ainda podem ser requeridos à Justiça.
Outro lado - Procurada pela reportagem, a Polícia Civil disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que a investigação do Gaeco ainda está em fase embrionária, motivo pela qual aguarda a conclusão das diligências. "O delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinícius da Costa Michelotto, reitera que o Departamento da Polícia Civil está colaborando com as investigações através da Corregedoria Geral da Polícia Civil e que qualquer irregularidade constatada será imediatamente apurada no âmbito administrativo", diz trecho de nota enviada à imprensa.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp-PR) também informou que espera os desdobramentos do caso para se posicionar. Segundo a secretaria, os policiais que trabalham no Gaeco são designados pela própria Sesp, em função de um ato de cooperação formalizado com o Ministério Público. "A Sesp reforça que não tolera irregularidades em qualquer esfera da administração". (Atualizado às 16h18)